O aplicativo “Trabalho sem Assédio!” foi lançado nesta quarta-feira (10) em Campinas. A plataforma foi desenvolvida por meio de parceria entre a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e o MPT (Ministério Público do Trabalho), com foco na prevenção de casos de violência, assédio e discriminação no ambiente laboral.
Como funciona o aplicativo
A ferramenta, disponível gratuitamente para celulares Android, utiliza linguagem acessível e conteúdos interativos para ajudar o usuário a identificar situações de abuso no trabalho. O aplicativo apresenta exemplos do cotidiano que possam indicar assédio moral, assédio sexual ou discriminação, além de orientar sobre consequências jurídicas e formas de enfrentamento.
O conteúdo tem como base a Convenção 190 da OIT, que reconhece violência e assédio como violações de direitos humanos. Para utilizar, basta pesquisar por “Trabalho sem assédio”, fazer o download e acessar as opções da tela principal, como “Histórias”, com relatos de usuários; “Questionários”, que ajudam a identificar possíveis situações de assédio; além de seções informativas sobre violência, discriminação e canais de denúncia.

Ferramenta de orientação e denúncia
Além do caráter educativo, o aplicativo direciona o usuário para canais oficiais de denúncia. Os idealizadores esperam que a ferramenta incentive trabalhadores a reconhecer práticas abusivas e buscar apoio institucional. Segundo o coordenador do projeto, professor Roberto Heloani, o objetivo é ampliar o acesso à informação, especialmente para quem enfrenta dificuldades para relatar violações.
Na apresentação, a coordenadora nacional da Coordigualdade, Danielle Olivares Corrêa, trouxe dados que dimensionam o cenário: entre 2020 e 2024, a Justiça do Trabalho recebeu mais de 458 mil ações envolvendo assédio moral e outras 33 mil relacionadas a assédio sexual no país.
Situação na região
No interior paulista, o MPT registrou 2.360 denúncias de assédio e discriminação apenas neste ano. O vice-procurador-chefe do MPT na 15ª Região, Nei Messias Vieira, avaliou que o aplicativo pode auxiliar na triagem e encaminhamento de casos.
O desenvolvimento da plataforma é resultado de pesquisas iniciadas em 2017 e de acordo de cooperação técnica entre a Unicamp e o MPT. A universidade ficará responsável pela gestão e atualização do sistema.
As instituições envolvidas afirmam que a ferramenta deve atuar como instrumento de política pública, ampliando o acesso à informação e reforçando mecanismos de prevenção à violência no ambiente de trabalho.





