domingo, 12 maio 2024

Zanaga: 40 anos de história

O bairro Antonio Zanaga, em Amerticana, completa 40 anos na próxima quinta-feira, e é o que se pode chamar de uma “mini cidade”. Subdivido entre Zanaga I e Zanaga II, em 2017 a região contava com mais de 10 mil habitantes, de acordo com a Prefeitura de Americana.
Entre os pontos positivos destacados pelos moradores, está o fato deles não necessitarem se deslocar para outras regiões da cidade, já que a oferta de produtos e serviços é bem ampla. E para comemorar o aniversário, duas festas estão programadas para o próximo sábado (25) e domingo (26), ambas na Praça Lino Duzzi, com entrada franca.
HISTÓRIA
O bairro teve início oficialmente no dia 23 de agosto de 1978 com o sorteio de 709 moradias populares, resultado da desapropriação da área pela prefeitura e convênio com a Cohab (Companhia de Habitação Popular) de Campinas.
O vereador Marco Antonio Alves Jorge (PDT), o Kim, foi um dos arquitetos que participou da construção do projeto do Zanaga II, em 1979. Ele relembra que, na época, as facilidades eram bem maiores, como o valor mais barato do contrato e dos terrenos. Um dos fatos destacados por ele refere-se à entrega do bairro que foi feita sem asfaltamento, o que causava uma cena pitoresca. “Era comum, em dias de chuva, ver moradores com sacos plásticos nos pés à beira da Rodovia Anhanguera. Eles só retiravam quando entravam no transporte”, diz.
Outro fato curioso é que, pelo contrato firmado, o conjunto habitacional não podia ter nenhum tipo de comércio, obrigando os moradores a saírem para outras regiões. Somente depois de um tempo é que os primeiros estabelecimentos foram surgindo, entre eles, um mercado e uma farmácia.
Questionado sobre a importância do Zanaga para a história e economia de Americana, Kim ressaltou que a região é uma das mais bem estruturadas da cidade, e que o progresso ao longo das últimas quatro décadas foi visível.
Além de um forte comércio, também possui um Distrito Industrial que gera centenas de empregos. “O Zanaga tem uma participação muito importante dentro da história de Americana”.
FESTA
Segundo um dos organizadores do evento de aniversário, o publicitário Adolpho Gutierrez, a ideia da festa nasceu da interação de um grupo de amigos do Zanaga por meio de uma rede social que contabiliza 1,7 mil membros. “Pesquisamos e descobrimos que o aniversário de 40 anos seria comemorado esse ano. Então achamos que seria uma data perfeita para realizar uma homenagem”, explicou.
Assim como outros integrantes do grupo, Gutierrez tem uma ligação afetiva com a região por ter sido criado no Zanaga. Apesar de morar em outro bairro, sua mãe ainda reside na mesma casa onde foi criado.
Denominada de”40 anos de tradição, humildade e amizade”, a festa contará com o apoio da Prefeitura de Americana. Para sua realização foram firmadas diferentes parcerias.
Gutierrez acredita que o evento atrairá muitas pessoas, inclusive de outras regiões da cidade, pela variedade da programação que terá shows musicais de diferentes estilos, presença da Banda Municipal Monsenhor Nazareno Maggi, peça de teatro, contação de histórias, feira de artesanato, recreação infantil, apresentações esportivas, entre outras atrações.
Quem levar um quilo de alimento não-perecível concorrerá ao sorteio de brindes.

 
Laços afetivos: famílias que nasceram com o bairro
 

Aos 72 anos, a pensionista Nelsina Ferreira dos Santos, se orgulha por ter visto praticamente o nascimento do bairro Antonio Zanaga, há 40 anos.
Natural de Ubirajara, interior de São Paulo, Nelsina mudou-se com o marido e os cinco filhos para a região de Americana no ano de 1972. Inicialmente morou em Sumaré, e depois se mudou para o Zanaga após o marido ser contemplado numa das 700 moradias da Cohab, em 1978. “Vi com os meus próprios olhos o nascimento disso tudo. Sou da época que esse bairro se resumia à estrada de terra. Era poeira para todos os lados. E hoje, olhe no que se transformou. É como se vivêssemos numa mini cidade dentro de Americana porque aqui temos de tudo”, valoriza.
Viúva há quase três anos, Nelsina diz que faz questão de manter uma tradição familiar. Todos os domingos ainda reúne os filhos, netos e bisnetos na sua residência no Zanaga, que nada lembra a moradia de quatro décadas passadas. Ela conta que quando se mudou a casa era muito modesta e tinha apenas quatro cômodos. Com o tempo, o imóvel foi sendo aumentado, e atualmente não possui nenhum traço daquela época.
No entanto, a alegria de ver a casa sempre lotada de pessoas foi mantida. “Foi aqui que construí minha vida, e onde vi os meus filhos crescerem e nossa família aumentar, por isso, me orgulho da ligação que mantenho até hoje com o bairro”. Além dela, outra filha mora no Zanaga. No total, Nelsina tem 12 netos e 2 bisnetos. “Não saberia viver em outro lugar que não fosse aqui”, justifica.
Assim como dona Nelsina, outra moradora antiga do Zanaga, a também pensionista Edna Radinoff, 75, conta que vive no local desde o nascimento do bairro, e que muito do progresso da região se deve à administração do ex-prefeito Waldemar Tebaldi. “Ele (Tebaldi) sempre cuidou muito daqui, e fez esse bairro se transformar em tudo isso que você está vendo. Para mim é o lugar perfeito para se viver”, diz.
Apesar dos elogios, sua nora Elaine ressente-se da falta de uma casa lotérica e de um supermercado de uma grande rede. “Para quem não tem carro ficou muito difícil porque temos que nos deslocar para outros bairros da cidade, como Jardim Brasil ou São Vito para pagar nossas contas”.
Essa foi a mesma crítica feita pela desempregada Tatiara Leandro da Silva, 30. Ela garante que raramente precisava sair do Zanaga para realizar qualquer coisa, já que encontrava de tudo no bairro, mas que a situação mudou com a saída da lotérica. “Acho que é a única coisa que está faltando. No restante, temos de tudo. É um bairro que posso trazer minha filha para brincar na praça porque sei que ela está em segurança”.
A dona de casa Jovelina Carvalho Silva, 63, porém, aponta que, em termos de segurança, o bairro ainda carece de um policiamento mais ostensivo. Ela também criticou a falta da lotérica, mas destacou a oferta de comércios na região. “Moro aqui há 30 anos. Fui uma das primeiras moradoras do bairro. Temos de tudo aqui. Só podiam reinstalar a casa lotérica e o supermercado”.
Com uma variedade de comércios à disposição, os moradores têm boas opções de compra e também de entretenimento, sem necessitarem se deslocar para a região central.
Há cinco anos, Paulo Soares de Carvalho, 55, resolveu dar uma guinada em sua vida. Cansado de ser assalariado e de ter baixa remuneração em diferentes tipos de trabalho, ele decidiu investir num negócio próprio e abriu um quiosque de lanches e salgados na principal avenida do bairro, a Cecília Meirelles. “Estou muito feliz porque trabalhar aqui no bairro está me possibilitando levar uma vida diferente da que eu tinha”. | AC

 

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