sábado, 11 maio 2024

Após uma pausa de dois anos, o boi volta a falar em Campinas

Tradicional celebração popular acontece sempre na Sexta-feira Santa no distrito de Barão Geraldo 

Lenda | Capataz, barão e escravo são os personagens (Divulgação PMC)

Depois de dois anos sem as celebrações por causa da pandemia de covid-19, a Secretaria de Cultura e Turismo de Campinas anuncia a realização da Festa do Boi Falô. Será amanhã, dia 15 de abril, na Sexta-Feira Santa, como é tradicional. A festa começa às 10 horas, na Praça do Coco no Distrito de Barão Geraldo.

A festa é considerada a maior celebração popular do Distrito de Barão Geraldo. A lei nº 8907 torna oficial a Festa do Boi Falô, que passa a integrar o Calendário Oficial do Município de Campinas. A decoração da festa foi realizada pelo grupo Entre Fios e Memórias do Coletivo Casarão.

VERSÕES
Por se tratar de uma lenda, há várias versões do Boi Falô e são contadas de diferentes maneiras. A versão tradicional é: numa sexta-feira da Paixão, um capataz da fazenda Santa Genebra pediu a um caboclo, escravizado ou empregado (cada um fala de um jeito) que fosse buscar uns bois que ficaram deitados no Capão do Boi. Ele foi até o local com uma vara e lá chegando começou a tocar os bois. Com a insistência um dos bois falou “Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”. O rapaz, assustadíssimo, correu de volta para contar o fato ao capataz que não acreditou. Depois de brigar com ele, foi junto (a cavalo) até o Capão do Boi e mandou o rapaz tocar o boi. Ao ser tocado, o boi novamente disse: Hoje não é dia de trabalhar! Hoje é dia de Nosso Sinhô Jesus Cristo!”. Assustados, o capataz e o rapaz retornaram para a fazenda.

A festa foi criada em 1988 para comemorar o centenário da Abolição, já que a lenda do Boi Falô também é popularmente contada na história do escravizado Toninho, forçado a trabalhar numa sexta-feira santa, obedeceu e, chegando ao pasto, o boi olhou para ele e disse: “Toninho, hoje não é dia de trabalhar, hoje é dia de se guardar”.

O escravizado correu para a sede da fazenda gritando: “o boi falô, o boi falô!” e contou o que havia acontecido e, naquele dia, ninguém trabalhou. O capataz, que era homem descrente, virou rezador e Toninho virou pessoa de confiança do Barão Geraldo de Rezende, trabalhando dentro da casa até sua morte, quando foi enterrado ao lado do Barão por seus serviços prestados à família.

No dia de Finados, o túmulo de Toninho é um dos mais visitados na cidade, no cemitério da Saudade.

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