quinta-feira, 25 abril 2024

Elas leem: Clubes de leitura dão visibilidade ao discurso feminino

Um clube de leitura com uma única regra: dar visibilidade para o discurso feminino.

A exigência vale tanto para a escolha de livros escritos por autoras quanto para a mediação de debates, que devem ser conduzidos por mulheres.

O projeto Leia Mulheres começou no Brasil em 2015 e, desde então, acontece em mais de 80 cidades do País. Na RMC (Região Metropolitana de Campinas), a iniciativa promove encontros em Campinas, Americana, Hortolândia e Indaiatuba.

No mês de janeiro, o Leia Mulheres de Campinas comemora três anos de atuação.

O clube contabiliza 36 obras lidas de autoras nacionais ou estrangeiras, de ficção ou não-ficção, clássicas ou contemporâneas.

Para a mediadora do grupo, Michelle Lopes, o diferencial está justamente no protagonismo das mulheres.

“A literatura feita por mulheres foi por muito tempo marginalizada, considerada como uma literatura inferior. Agora, há o reconhecimento e a valorização para essas produções”, afirma.

Todos os encontros são gratuitos e abertos ao público. Em Campinas, a reunião é na terceira terça-feira do mês, na Livraria Cultura, que fica no Iguatemi Shopping.

Segundo Michelle, o nome do clube, talvez, assuste um pouco, já que há uma frequência maior de mulheres.

“Porém, há homens que participam e não há nenhuma restrição sobre isso. Eles têm papel de escuta importante. Além disso, compartilham o pensamento na visão masculina”, comenta.

O que ela garante é que não existe espaço para mansplaining (termo que descreve a necessidade que um homem tem para explicar algo para uma mulher de forma paternalista).

AMPLIANDO
Analista de crédito imobiliário, Trisha Estevam é entusiasta da produção literária feminina.

Ela frequentava o Leia Mulheres de Campinas e pensou em levar o debate para uma realidade mais próxima.

Sendo assim, desde setembro de 2018, o clube de leitura também acontece em Hortolândia. Com quatro meses de criação, o grupo tem entre 20 a 30 integrantes.

“O número não é fixo, tendo em vista que qualquer pessoa pode participar. Estamos de braços abertos à espera de mais interessados”, comenta Trisha.

Em Hortolândia, os debates acontecem no último domingo do mês, na Associação de Moradores do bairro Jardim Everest.

Segundo Trisha, a proposta logo foi abraçada pelo Coletivo Flor de Maio, que promove práticas educativas, aulas de língua inglesa e cursinho pré-vestibular para moradores da comunidade.

“A ideia inicial era fazer os encontros na Biblioteca Municipal, mas encontramos certa resistência. Então, o Flor de Maio abriu as portas”, afirma.

O ritual se repete em Indaiatuba. Na última quarta-feira do mês, às 19h, em uma casa de chá, os leitores se encontram para tecer comentários sobre a obra lida.

O clube é recente, faz quatro meses desde o primeiro encontro, mas já reúne um bom público. O fôlego para a empreitada partiu da poeta Thais Steimbach Batista, também frequentadora do Leia Mulheres em Campinas.

“Como fica difícil ir todo mês ao clube de Campinas e outras pessoas também não têm essa oportunidade, pensei em trazer o Leia Mulheres para Indaiatuba”, comenta.

A mediadora conta que toda a divulgação sobre os encontros é ‘boca a boca’. “Quem vai, gosta. Gosta tanto que no mês seguinte traz um amigo, outro convidado. Assim, vamos ampliando o número de pessoas que leem autoras”, comemora Thais.

 

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também