Levantamento aponta que apenas 26% dos frequentadores retomaram atividades culturais
Lotação máxima todos os dias. Após ser adiado por um ano devido à pandemia do coronavírus, o Rock in Rio retornou neste mês com 700 mil ingressos vendidos -100 mil por dia de festival.
A procura pelos megaeventos parece um pouco dissonante em relação à recente pesquisa Hábitos Culturais, realizada pela terceira vez em uma parceria do Datafolha com o Itaú Cultural.
Feito entre junho e julho deste ano com 2.240 pessoas de 16 a 65 anos, o levantamento apontou que apenas 26% dos entrevistados retomaram a mesma frequência de atividades culturais que tinham antes da pandemia, 62% fazem menos programas do que antes, e só 12% aumentaram as atividades.
Quando se observa apresentações artísticas (teatro, shows e dança), 18% realizaram alguma atividade presencial ou online no último ano, contra 39% antes da crise.
Mas se os megaeventos estão de volta com força, esse movimento não é visto em casas menores, que lutam para se aproximar dos patamares de frequência pré-pandemia.
Shows e peças de teatro em espaços fechados foram os que mais demoraram para retornar após o afrouxamento das restrições sanitárias.
O pequeno Ó do Borogodó, em São Paulo, chegou a anunciar o fechamento da casa e só sobreviveu com a ajuda recebida em um financiamento coletivo. O tradicional Bourbon Street também passou por dias difíceis. “Se olhasse só para os números, talvez devesse ter fechado, mas não fazia bem para a alma”, conta o proprietário, Edgard Radesca.
A casa de shows está em média com 70% da ocupação que tinha antes da pandemia, incluindo muitas noites de lotação completa. No entanto, a oferta da programação é menor. “Antes abríamos de terça a domingo, agora é de quinta a domingo, com uma ou outra quarta”, contabiliza Radesca.
O empresário lembra que frequentadores habituais tiveram “escoriações financeiras que impossibilitam o mesmo nível de gasto de antes”.