Parte alta era o bairro dos Barbosas e parte baixa pertencia a Piracicaba; construção da Estação de ferro, no dia 29 de julho de 1922, marcou o novo nome
Foto: Reprodução/Capela de Santa Luzia
Para entender a história do bairro Caiu bi é necessário viajar para o final do século 19. Toda a região, onde hoje é o Caiubi, era chamado de bairro dos Barbosas. A cidade de Santa Bárbara d’Oeste tinha a sua divisa territorial com o município de Piracicaba no ribeirão Alambari.
“Depois da Capela de São Sebastião, Rancho da Cos tela, indo até a Capela de Santa Luzia, era o bairro dos Barbosas. Naquele tempo, a margem direita do ribeirão Alambari pertencia à Santa Bárbara, e a esquerda pertencia à Piracicaba. Ali nasceu o meu pai. Ali tudo pertencia à Piracicaba. Meu pai é piracicabano. Nasceu e foi registrado em Piracicaba”, conta o historiador Anto nio Carlos Angolini.
O avô de Antonio Carlos Angolini se chamava Antônio Angolini. Ele chegou às terras de Caiubi em 1912, comprando o sítio Pinheirinho. Antônio Angolini nasceu na Itália e o neto – historiador, explica que o bairro tinha a maio ria dos habitantes oriundos da Itália. A formação do bairro Caiubi teve forte influência italiana.
“Tinha mais italianos. A família Furlan (também de italianos) já estava estabelecida nas terras. Nicolau Furlan e Catharina Catussato Furlan convidaram o Sr. Antônio Angolini para vir morar aqui. Ele foi, praticamente, o fundador do bairro, quem deu a condição para o surgimento do Caiubi”, conta Antonio Carlos Angolini. Antônio Angolini era casado com Luíza Bevilaqua Angolini. Eles se casaram em Campinas. Angolini avô veop ap Brasil da Itália, na corrente migratória, em 1896, juntamente com o pai de Luíza, Pietro Bevilaqua.
O primogênito do casal é Fioravante Luiz Angolini, nascido em Campinas. Nasceram também campineiros: Otávio, Albano, Ida e Inês. No bairro Caiu bi, nasceram Ida Maria e Alcides.
Foto: Capela de Santa Luzia restaurada
A estação Caiubi
A estação Caiubi foi inaugurada no dia 29 de julho de 1922. Este fato histórico não marca apenas uma construção, como explica Angolini, pois, a partir de então, a área que era de Piracicaba também passou a ser chamada de Caiubi e houve uma luta da família Angolini para conquistar o território para o município de Santa Bárbara d’Oeste.
“Todo o bairro dos Barbosas, a parte alta e a parte lá embaixo, onde fica a estação, passou a ser conheci da como Caiubi. A partir de 1920 começou a falar-se que iriam construir uma linha férrea. Esse ramal que saía de Nova Odessa e passava por Santa Bárbara d’Oeste. Então, meu avô sabendo que estava sendo construída essa linha, e ele conhecendo o progresso que viria com a linha férrea, ele vende o sítio Pinheirinho e compra aquele pedaço de terra que é o Caiubi, hoje, o núcleo, as duas ruas principais onde tem a pracinha. Ali, ele doou o terreno para fazer a estação e conseguiu”, conta Angolini.
Seu avô comprou as terras no bairro dos Barbosas passando o pontilhão bem em frente da Capela de São Sebastião.
O patriarca Angolini construiu sua casa e seu armazém. Além de comandar a construção da Capela de São Sebastião. Em meados dos anos 20, Antônio Angolini foi acometido por um glaucoma e ficou com problemas de visão.
A visão de Angolini foi restaurada e ele construiu a Capela de Santa Luzia, pagando a promessa. Atualmente, a Capela de Santa Luzia (foto) foi restaurada e é mantida por Bruno Angolini, bisneto de Antônio Angolini.
Foto: TV Todo Dia/ Antônio Carlos Angolini
Caiubi passa a pertencer Santa Bárbara d’ Oeste
O início do bairro passou pelo visionário e patriarca Antônio Angolini, mas o seu primeiro filho Fioravante Luiz Angolini deu continuidade e lutou junto aos políticos e autoridades locais para conquistar o bairro Caiubi para o município de Santa Bárbara d’Oeste.
“O Fioravante tocou pra frente e trabalhou para que Caiubi pertencesse à Santa Bárbara d’Oeste. Ele passou a trabalhar junto às autoridades e ao governo. E consegue, então, por volta de 1938, toda essa região do Caiubi até o “Quebra-Dente”, 400 alqueires que pega todo o Cruzeiro do Sul, sítio Pinheirinho. Tudo o que pertencia à Piracicaba passa ao município de Santa Bárbara d’Oeste. Essa foi a grande contribuição da família Angolini. Primeiro, a luta do Antônio Angolini e depois, do Fioravante”, diz o historiador. O que é Caiubi, hoje, do lado direito era de Santa Bárbara: o bairro dos Barbosas, desde o século 19.
O Caiubi, que era a margem esquerda do ribeirão Alambari é o Caiubi hoje, mas pertencia à Piracicaba. O Caiubi hoje, num todo, é um bairro antigo, mais velho que o Santo Antônio do Sapezeiro. Um dos mais antigos e que incorporou o bairro dos Barbosas com o Caiubi.
Sobre a questão de o nome do bairro ser indígena, o historiador explica que o nome foi escolhido pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Assim como o nome do bairro Tupi. Mas, Angolini comenta que foram encontrados artefatos indígenas na região que datam de dois mil anos.
“Quando foi construído o bairro Cruzeiro do Sul, foram encontradas muitas pontas de flecha num sítio arqueológico, nos terrenos com a extração da pedra e areia do rio Piracicaba. O teste de carbono mostrou que essas tribos pré-históricas estiveram nessa região: desde Piracicaba, subindo toda margem vindo pelo ribeirão dos Toledos. São povos que habitaram a região há mais de dois mil anos”, detalha.
Hoje, ruas e praças de Santa Bárbara d’Oeste levam os nomes da família Angolini. A praça central do bairro Caiubi chama- se Antônio Angolini. Luíza Bevilaqua Angolini é o nome de uma rua no bairro Cruzeiro do Sul. Fioravante Luiz Angolini é o nome de uma escola. O historiador Antonio Carlos Angolini recebeu a homenagem com seu nome gravado no “Centro de Memória Antônio Carlos Angolini”, um espaço cultural de resgate da história de Santa Bárbara d’Oeste, inaugurado no dia 1º de junho de 2020 na rua João Lino, na região central da cidade.
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