Na história do futebol brasileiro nunca houve um campeonato de Série B como o que acontecerá em 2022
Na história do futebol brasileiro nunca houve um campeonato de Série B como o que acontecerá em 2022.
Com o rebaixamento de Bahia, Grêmio e Sport da Série A neste ano, seis campeões nacionais estarão na divisão de acesso na próxima temporada. Além deles, também estarão presentes Guarani, Vasco e Cruzeiro, agora administrado por Ronaldo Fenômeno. Somados, os seis possuem 14 títulos brasileiros. Um recorde para a B.
O campeonato estar mais acirrado (e atrativo) não serve de consolo para quem caiu e para os grandes que não conseguiram o acesso.
“Nos últimos sete jogos, nós tivemos cinco lances polêmicos. Apenas um foi a nosso favor [contra o Cuiabá]. Não coloco a responsabilidade na arbitragem, mas houve erros. O Bahia se acostumou a ver coisas misteriosas neste campeonato [da Série A]”, afirma Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, campeão brasileiro em 1959 e 1988, e 17º na Série A de 2021.
É a mesma frustração de quem desceu em 2020, esperava voltar imediatamente para a elite e não aconteceu.
“Este ano foi um desastre. Deu tudo errado para o Vasco. Do ponto de vista do futebol, talvez tenha sido o pior ano da história”, analisou Jorge Salgado, presidente do clube vencedor do Brasileiro em 1974, 1989, 1997 e 2000. A equipe carioca terminou em 10º na Série B.
Como há quatro vagas em disputa para o acesso, há a certeza de que pelo menos dois antigos campeões nacionais continuarão fora do torneio principal por pelo menos mais um ano.
Até então, o maior número de vencedores da Série A na segunda divisão aconteceu neste 2021. Foram cinco (Botafogo, Coritiba, Guarani, Vasco e Cruzeiro). Destes, Botafogo e Coritiba conseguiram subir. O recorde de títulos nacionais antes era de 2003, primeira temporada da era dos pontos corridos, quando Palmeiras (10), Botafogo (2) e Sport (1) somavam 13 troféus.
“Não podemos ficar alimentando o sentimento negativo do rebaixament o. A gente vai partir para cima e mudar a cara do Sport”, prometeu o presidente da agremiação pernambucana, Yuri Romão.
A queda na Série B representa, além das pressões de torcedores inconformados, uma perda financeira. A arrecadação apenas com os direitos de televisão pode ir de R$ 60 milhões para R$ 8 milhões. Não retornar à elite representa para o Vasco, por exemplo, uma perda de receita total de R$ 100 milhões.
Já o Cruzeiro se afundou ainda mais em dívidas, hoje estimadas em cerca de R$ 1 bilhão, e agora renovou as esperanças de um futuro melhor sob a administração de Ronaldo.
O rebaixamento de grandes se tornou algo normal, o que valoriza também a segunda divisão. A partir do início da fórmula de pontos corridos, apenas em 2006 um campeão brasileiro não caiu.
“A Série A pode ser bem difícil e faz parte [a queda]. Quem sabe em 2023 a gente está de volta”, projeta o presidente da Chapecoense, Gilson Sbeghen, lanterna da elite em 2021.
Entre os 20 clubes que disputarão a elite na próxima temporada, apenas Flamengo, Santos e São Paulo jamais foram rebaixados no nacional.
Antes de 2003, o Campeonato Brasileiro teve diferentes fórmulas. Já aconteceu de uma equipe no mesmo ano sair da segunda divisão para disputar o título da primeira (o São Caetano, em 2000). Em diferentes anos a classificação aconteceu por convites distribuídos pela CBF ou pela sua antecessora, a CBD. Em 1979, houve 94 participantes.
O primeiro grande a cair foi o Grêmio, em 1991. Isso aconteceu na história do clube pela terceira vez em 2021. O time foi campeão brasileiro em 1981 e 1996.
“Precisamos reestruturar e o processo precisa ser organizado. Vamos ver o que podemos ter, com o que vamos contar, o que vamos manter e o que vamos reconstruir”, afirma o presidente gremista, Romildo Bolzan Jr.