Por Mario Eugenio Saturno
Provavelmente, você já assistiu ao filme Total Recall, do Arnold Schwarzenegger, de 1990, ou Matrix, de 1999, e suas continuações, cujo argumento é que todos os seres humanos vivem em uma simulação. Bem, nem todos, há Morfeus, que vive no mundo real e invade o sistema libertando pessoas da simulação. De qualquer forma, são seres vivos biológicos, mas havia também os seres artificiais compostos de uma inteligência artificial (IA), como a Oráculo.
Em 2003, o filósofo Nick Bostrom escreveu um artigo na revista Philosophical Quarterly em que propôs que o nosso universo poderia ser uma simulação de computador, ou seja, seríamos inteligências artificiais em um mundo simulado.
Fouad Khan escreveu uma interessante matéria na Scientific American sobre o assunto apontando que a ideia teve adesão de alguns “gênios” da atualidade como Elon Musk e do cientista Neil deGrasse Tyson, discípulo de Carl Sagan. Já o físico Frank Wilczek não acredita nisso, seu argumento é que há muita complexidade desperdiçada em nosso universo para ser simulada. A complexidade de um edifício requer energia e tempo. Por que um “designer” de realidades desperdiçaria tantos recursos para tornar nosso mundo mais complexo do que precisa ser? Isso não é exatamente verdadeiro, como em um jogo, precisaria apenas simular com detalhes aquilo que está no foco dos nossos sentidos, como visão e audição.
Também a física e comunicadora científica Sabine Hossenfelder entende que essa hipótese não é científica, não podemos realmente testá-la ou refutá-la e, portanto, não vale a pena investigar seriamente. Mas isso também não é inteiramente verdade. Há algumas operações de computador que demoram o mesmo tempo, porque depende da capacidade operacional do computador. Por exemplo, em um computador moderno, o tempo de somar 1 1 é igual ao de somar 458.391 763.611, ou seja, se você demorar, pode ser um indicativo de viver na realidade… Ou a simulação é muito boa!
De qualquer forma, a simulação não precisa ser muito boa, apenas boa o suficiente para enganar as inteligências simuladas. Mesmo assim, precisa-se de muita capacidade computacional. Por exemplo, Bostrom estimou que para cada ser humano simulado seria necessário de 10^33 (quatrilhões de quintilhão) a 10^36 (quintilhão de quintilhão) de operações por segundo. Usando a tecnologia atual, um computador tão grande quanto nosso planeta Terra, simularia um milhão de seres humanos.
A capacidade computacional dos computadores cresceu incrivelmente nos últimos 50 anos e deve crescer ainda mais, mas há um limite físico para isso. Provavelmente, a tecnologia evoluirá para simular um cérebro com capacidade cognitiva de um ser humano, mas ainda será grande demais, o cérebro biológico parece ser imbatível em solução viável.
Fouad Khan intitulou sua matéria de “Confirmado! Vivemos em uma Simulação” e que foi publicado em primeiro de abril, o dia da mentira, ou dos tolos, como dizem os americanos. Um dia excelente para pregar uma peça nos leitores, mas nesse caso, para dizer que a própria realidade que vivemos pode ser uma mentira de fato.