domingo, 28 abril 2024

Um planalto de Covid-19

No final de julho eu escrevi um artigo apostando no fim do longo platô de mortes em que estávamos, na verdade, foi um planalto de médias de mortes por Covid-19. Na maioria dos países, as mortes por Covid-19 segue uma exponencial que vai mudando a razão até inverter, como uma montanha, ficando um tempo neste platô para, então, passar a cair também em uma exponencial, ou seja, rapidamente no início e, depois, lentamente. 

Isso acontece porque os governantes dos países, quando percebem que realmente é uma explosão exponencial, entram em pânico e fazem o “lockdown” rigoroso, multando e até prendendo os rebeldes. E, além do distanciamento social, usam máscaras e alcool gel responsavelmente. Mas, no Brasil, o governo federal ficou catatônico, preso em um negacionismo inacreditável. 

Afirmaram que acabaria em um mês e não morreriam mais que 800 pessoas e somente os muito velhos e que, talvez, pensaram, morreriam de qualquer jeito! 

Uma rápida consulta nos cartórios demonstra que estão morrendo pessoas que não morreriam. Veja, como os cartórios demoram para atualizar e disponibilizar seus dados, pelo acompanhamento que tenho feito, estabeleci a data inicial em 16/03/2020, quando ocorreu a primeira morte por Covid-19, até a data final em 15/07/2020, e usando o mesmo período para o ano de 2019 para comparar. 

Nesse período, em 2019, morreram 401.649 pessoas e, em 2020, 472.690, um aumento de 17,7%. Por Covid-19, morreram 78.683 pessoas, comparando com os mortos do ano passado, destes que morreram, 7.642 pessoas morreriam de outras causas, então, morreram 71.041 por Covid- 19 e que não morreriam se não houvesse a Covid-19. Ou seja, morreram por uma doença evitável, que sabemos como evitar, assim como fizeram a China, Itália, Espanha, França, Alemanha, Israel etc. 

Aliás, Israel fará o segundo “lockdown”. E durante as festas judaicas, período em que as famílias reúnem-se em casa e nas sinagogas. E depois de impor um toque de recolher em cerca de 40 cidades. E o confinamento acontecerá. Morreram até agora pouco mais de 1.100 pessoas. Na capital de São Paulo, que tem população semelhante, já morreram mais de 12.000 brasileiros. 

O presidente poderia observar como faz a nação que ele tanto admira e finalmente fazer igual. Mas o que ele faz? Ele foi à Bahia e disse que os outros países estão reconhecendo que o Brasil foi um dos países que menos sofreram com a Covid-19 e graças às ações do governo. Alguém ainda duvida que ele sofra de catatonia? 

O Brasil só não virou uma imensa Guayaquil porque os governadores e a maioria dos prefeitos decretaram uma quarentena voluntária para as pessoas, mas forçada para os estudantes, os comerciantes e os prestadores de serviço em 13 de março. 

Pessoalmente, eu apelei aos parlamentares, jornalistas, juízes e membros da comunidade de Inteligência que nada fizeram e, lamento lembrar, o chefe da Inteligência do Exército morreu da doença que deveria ter alertado a Pátria. Fazer o que, continuar alertando o país enquanto o presidente e seus ministros procuram algum mico-leão-dourado nas árvores da Amazônia incendiada! 

 

Escrito por: Mario Eugenio Saturno | Tecnologista sênior do Inpe  

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também