Coberto com um véu branco, o corpo de Beto Freitas, que morreu aos 40 anos em Porto Alegre após ser espancado por seguranças de uma loja do Carrefour, é velado em Porto Alegre na manhã deste sábado (20), no cemitério São João, cercado por familiares.
A viúva, Milena Borges Alves, 43, abriu sua mochila e, de dentro dela, tirou uma aliança dourada. Levantou o véu e colocou a aliança perto da cabeça de Beto. Eles iriam se casar no início do próximo mês. “Seríamos os padrinhos”, conta a amiga Charlene Viana, 37, ao lado do marido, Sidnei Viana, 41.
Beto usa uma camiseta branca com os dizeres “Escobar” e a foto de Pablo Escobar, que, segundo Charlene, era de Beto. “É uma camiseta nova que ele nunca tinha usado. Ele tinha essas coisas engraçadas. Tinha um lado excêntrico”, conta Charlene. “Ele assistiu à série na Netflix”, conta Sidnei.
Uma bandeira do clube São José, do qual era torcedor, foi colocada sobre o caixão aberto. “Assunto não faltava. A gente se via todos dias, fazia churrasco”, conta o amigo Noé Fernando Pithan, 61.
No velório, a filha Thais Alexia Amaral Freitas, 22, lembrou que o pai ficou feliz quando nasceu a neta. Beto tinha outros três filhos.
“Ele levou um ursinho de pelúcia para ela. Sempre foi um bom pai e dizia que não deixaria faltar nada para a neta”, contou a filha.
A mãe de Thais, que foi namorada de Beto na juventude, lembra que Beto era um garoto estudioso. “Ele estudava bastante, tinha sonhos. O nascimento da filha mudou muita coisa, mas ele sempre foi bom pai mesmo depois que nos separamos.
Estou aqui como família. Minha mãe foi no casamento dos pais deles”, contou Rita de Cássia do Amaral, 40.
Além de Thaís, também estavam presentes duas filhas do relacionamento com Marilene Santos Manuel, 40: Desireé, 9, e Tainará, 16. O filho João Alessandro, 15, preferiu não acompanhar a cerimônia. “Ele sente tanto a dor que guarda para si e não quis vir”, disse Marilene. “Ele escolheu o nome de todos filhos. A gente se separou, mas ele nunca abandonou as crianças”, disse a ex-mulher. Ela disse ainda que ele dividia a torcida pelo São José com sua simpatia pelo Grêmio.
Familiares disseram que viram os vídeos das agressões sofridas por Beto e ficaram chocados. “Foi horrível. Foram animais. Lamento que com a nossa Justiça logo estarão soltos”, disse Thaís.
O corpo de Beto foi enterrado no cemitério São João.