A pastora evangélica Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, afirmou que fez “uma metáfora” com a frase “menino veste azul e menina veste rosa”. E negou arrependimento com a expressão, que viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira (3).
“De jeito nenhum, foi uma metáfora. Temos o outubro rosa, o novembro azul. Vamos respeitar a identidade biológica das crianças. E digo mais, podemos chamar menina de princesa e menino de príncipe no Brasil que não há nenhuma confusão nisso”, afirmou, em entrevista à GloboNews.
Damares disse ainda que há “teólogos de gênero” que defendem que a criança nasce neutra e depois escolhe o que ela quer, e pede que esse debate fique restrito ao setor acadêmico.
“Não queremos impor nada. Vamos deixar as crianças em paz. Querem discutir isso [chamada por ela de “ideologia de gênero”]? Que seja feito nas academias, não nas escolas, para crianças na tenra idade”.
Questionada se a política defendida por ela não seria a troca de uma ideologia por outra, de cunho religioso, Damares desconversou. Mas comentou sobre outra frase polêmica, dita na cerimônia de transmissão de cargo, na quarta-feira (2), quando se disse “terrivelmente cristã” – apesar de o Estado ser laico.
“Estão com medo de uma pastora ministra de Direitos Humanos. A partir do momento que entro no ministério, não posso arrancar de mim a minha fé. Foi isso o que quis dizer, não estou querendo impor nenhuma religião. Ninguém vai ser preterido por causa de sua fé”.
Ao ser questionada sobre configurações de família que considera, Damares afirmou que o governo Bolsonaro não vai acabar com direitos adquiridos -como o de casais homossexuais poderem adotar filhos.
“O recado foi bem dado na posse. O momento é de união Nenhum direito adquirido vai ser violado pelo governo Bolsonaro”, disse a ministra.
Também disse ser a favor das cotas sociais e raciais. “Esse governo vai fazer uma discussão, mas nada será mexido até o momento”
Damares se queixou ainda da cobertura que vem recebendo dos meios de comunicação.
“Minhas falas como ministra começaram ontem (quarta, dia 2). A imprensa tem pinçado falas minhas de quando sou veemente quando falo com meu segmento [como pregações em igrejas e palestras]”.
Sobre a Funai (Fundação Nacional do Índio), que agora está subordinada à pasta de Direitos Humanos e perdeu a função de demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura, Damares afirmou que a palavra final sobre o assunto caberá a um conselho interministerial, do qual ela própria será parte -além dos ministros da Justiça, Agricultura e Casa Civil.
ENTENDA A POLÊMICA
A pastora evangélica apareceu em vídeo, que viralizou na internet, em que pede atenção e diz que é uma “nova era no Brasil” que “menino veste azul e menina veste rosa”.
Em auditório lotado por ativistas que gritavam “aleluia” e “glória a Deus”, Damares tomou posse anteontem e fez um discurso emocionado em que disse que não haverá mais “doutrinação ideológica” de crianças e adolescentes, que “menina será princesa e menino será príncipe”.
A REAÇÃO DE LUCIANO HUCK E ANGÉLICA
Os apresentadores Luciano Huck, 47, e Angélica, 45, usaram as redes sociais na tarde desta quinta-feira (3) para questionar a afirmação da pastora evangélica Damares Alves, 54, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, de que “menino veste azul e menina veste rosa”.
Huck publicou em sua conta no Instagram uma foto em que ele aparece de camisa rosa e sua mulher, a apresentadora Angélica, vestindo azul. “Rosa ou azul? Tanto faz”, escreveu ele.
A publicação foi seguida de vários comentários a favor e contra os artistas: “Quando seu filho nasceu você colocou rosinha nele?”, questionou um internauta. “Tanto faz não tem!”, disse outro. “Que preocupação absurda é essa com a cor da roupa”, concluiu outro seguidor do apresentador.