Uma praia brasileira banhada por um mar de gelo. Pode parecer estranho, mas ela existe na ilha de Rei George na Antártica. O local onde fica a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira de pesquisa no continente gelado, é considerado território nacional. As novas instalações da base vão ser inauguradas em janeiro de 2020, em substituição à antiga base, destruída em um incêndio em 2012. O governo federal investiu cerca de US$ 100 milhões na construção da unidade que recebeu os equipamentos mais modernos do mundo e foi ampliada.
O Capitão de Fragata Luiz Filho, chefe da estação, diz que “é uma honra ter esta estação sendo construída em nosso território e certamente ela vai servir de modelo para outros países”.
Ocupando uma área de 4.500 metros quadrados ela poderá hospedar 64 pessoas. A nova estação vai ser mais moderna e maior do que anterior. Antigamente existiam cinco laboratórios e depois da reinauguração o número vai passar para 17. Cientistas da Fiocruz vão ter um laboratório exclusivo de microbiologia para pesquisar fungos que só existem na Antártica. A Agência Internacional de Energia Atômica também já confirmou que vai desenvolver projetos no local. A estação também está adaptada para receber pesquisadores das áreas de oceanografia, glaciologia e meteorologia.
Faltando quase dois meses para a reinauguração, uma equipe da Marinha, que coordena a obra, visitou a estação de pesquisa para fazer os ajustes finais. A vistoria foi coordenada pelo contra-almirante Sérgio Guida, gerente do Programa Antártico Brasileiro. Ele percorreu toda a unidade e ficou satisfeito com o que encontrou. “A obra está dentro do cronograma e certamente ficará pronta na data prevista”, revelou.
O projeto arquitetônico da estação impressiona no meio do gelo da Antártica. Algumas medidas foram tomadas para adaptar a base as condições climáticas do local. Para ficar acima da densa camada de neve, que se forma no inverno, o prédio recebeu uma estrutura elevada. Os pilares de sustentação pesam até 70 toneladas e deixam o centro de pesquisa a mais de três metros do solo.
A estação também oferece conforto. Os quartos com duas camas e banheiros lembram acomodações de um hotel. Eles vão abrigar pesquisadores e militares. A estação também tem uma sala de vídeo, locais para reuniões, academia de ginástica, cozinha e um ambulatório para emergências.
Uma das maiores preocupações é com a segurança, por isso, entre todas as unidades da base foram instaladas portas corta fogo e também foram colocados sensores de fumaça e alarmes de incêndio. Nas salas onde ficam máquinas e geradores, as paredes são feitas de um material ultrarresistente. No caso de um incêndio elas conseguem suportar o fogo durante duas horas e não permitem que ele se espalhe por outros locais. Esse tempo possibilita acionar o esquadrão anti-incêndio e retirar as pessoas da estação em segurança.
A nova base Comandante Ferraz também foi construída com objetivo de reduzir ao máximo a agressão ao meio ambiente e por isso 30% da energia consumida no centro de pesquisa vem de fontes renováveis produzidas no local.
O projeto de reconstrução da estação começou a ser executado em 2017. A empresa responsável pela obra é a China Electronics Import and Export Corporation que precisou dividir o trabalho em três etapas.