O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), assinou ontem, em Xian, na China, um protocolo de intenções com a CR20, subsidiária da gigante de infraestrutura CRCC (China Railway Construction Corporation), um dos 50 maiores grupos empresarias do mundo.
No documento, os chineses firmaram o compromisso de disputar pelo menos três grandes projetos de concessão à iniciativa privada, estimados em R$ 22 bilhões, a serem licitados pelo Governo de São Paulo em 2020 – entre eles o TIC (Trem Intercidades), trem de passageiros previsto para interligar a capital paulista a Campinas e Americana e cidades da região.
“Em nosso grupo, temos capacidade para atuar em quase todos os tipos de projetos de infraestrutura, mas neste momento estamos focados na linha 6 do metrô de São Paulo, no trabalho de despoluição do Rio Pinheiros e também na ferrovia intercidades. Já reunimos inclusive empresas parceiras para atuar nesses projetos”, disse o presidente da CR20, Deng Yong, em comunicado divulgado pelo governo paulista.
O projeto do Trem Intercidades, orçado inicialmente em R$ 6 bilhões, é previsto para ser desenvolvido a partir de uma PPP (Parceria Público-Privada) entre o governo e investidores.
Segundo Doria, o protocolo de intenções assinado na China não significa que os chineses já são os escolhidos para o projeto, mas sim um compromisso público de que eles entrarão na concorrência.
“O protocolo é uma manifestação de intenções, que demonstra a firmeza de que os chineses vão disputar os leilões. Isso é bom, atrai outros potenciais grupos com interesse, agora já sabendo que vão disputar com o apetite chinês. Esse apetite se traduzirá em investimentos. É bom, pode aumentar o valor das outorgas. E melhora também na questão de prazos e custos, porque os chineses são muito precisos em seus projetos executivos, sempre cumprem os prazos”, afirmou o governador.
Com o grupo chinês, Doria obteve a intenção de participação em três dos 21 projetos de infraestrutura previstos pelo governo: além do Trem Intercidades, a construção da nova Linha 6-Laranja do Metrô paulistano e despoluição do Rio Pinheiros.
A previsão do governo paulista é que sejam arrecadados cerca de R$ 22 bilhões com esses três projetos – mas esse valor deverá ser definido apenas ao término do processo licitatório.
“Todas as áreas de desestatização de São Paulo atraem muito interesse de investidores internacionais. Investidores chineses, fundos baseados no Médio Oriente, japoneses e europeus devem disputar mais fortemente os projetos”, disse o governador.
A assinatura do protocolo ontem faz parte da agenda do governador, que participa da “Missão China 2019”, organizada pela agência de investimentos paulista, a InvestSP. É a quarta missão empresarial do governo no exterior em 2019. Doria e uma comitiva de secretários desembarcaram na segunda-feira na China e lá permanecem até domingo (11).
O QUE SE SABE SOBRE O PROJETO ATÉ AGORA
O PROJETO
Interligar a Capital paulista à região de Campinas, passando por Nova Odessa, Sumaré e chegando a Americana, por meio de um trem de passageiros.
QUEM FARÁ?
A ideia do governo é conceder à iniciativa privada, numa concessão de 30 anos (semelhante ao que ocorreu com as rodovias). Os investidores que ganharem o leilão devem investir em torno de R$6 bilhões para implantar o serviço. Em troca, poderão explorar o sistema.
QUANDO?
Embora o projeto já seja falado abertamente no Governo de São Paulo desde 2013, a ideia já tem décadas e nunca saiu do papel. Agora, com aparente empenho do novo governo em levar o projeto adiante, espera-se que o edital de concessão seja lançado no primeiro semestre de 2020 e o contrato assinado também no ano que vem. Segundo previsão de João Doria, se tudo correr conforme o esperado, o Trem Intercidades é para estar pronto e funcionando em quatro anos.
O TRAJETO
O projeto do TIC, até o momento, prevê dois tipos de trens: um expresso (direto) entre São Paulo e Campinas e Americana, e outro do tipo “parador”, com paradas em estações pré-determinadas pelo trajeto. O Serviço Expresso partiria da estação Barra Funda (SP), com paradas em Jundiaí e Campinas, numa extensão de 102 km e o tempo de viagem estimado em 60 min. Já o projeto do Serviço Parador prevê ligar as cidades de Americana, Sumaré, Nova Odessa, Campinas, Valinhos, Vinhedo, Loureira e Jundiaí, com término em Francisco Morato. Outro trem ligaria a Capital à região do Vale do Paraíba (veja no mapa abaixo as linhas cogitadas).
DEMANDA
No caso do TIC Serviço Expresso, a demanda estimada prevista é de 68,5 mil passageiros/dia. Já no Serviço Parador, a demanda é de 442 mil passageiros/dia.
OS TRILHOS
Dos 137 km de extensão da malha ferroviária entre São Paulo e Americana, 83 km estão concedidos à Rumo Logística e os 54 restantes à MRS Logística.