No acumulado de 12 meses, a alta registrada é de 1,8%
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve queda de 0,1% no segundo trimestre do ano, em relação ao primeiro trimestre. Esse resultado indica estabilidade e vem depois de três trimestres positivos seguidos de crescimento da economia. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgados hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa era de um crescimento no segundo trimestre de 0,2%, na comparação trimestral. Com isso, a economia brasileira avançou 6,4% no primeiro semestre. No acumulado de 12 meses, o PIB registra alta de 1,8%.
Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, período em que o país foi mais afetado pela primeira onda da covid-19, a economia cresceu 12,4%. O PIB continua no patamar do fim de 2019 ao início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014.
Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, totalizou R$ 2,1 trilhões no segundo trimestre deste ano. O PIB do segundo trimestre ficou abaixo da expectativa de economistas consultados, que previam um crescimento de 0,2% em relação ao primeiro trimestre do ano.
Agropecuária e indústria puxam queda do PIB no 2º trimestre
O desempenho da economia no trimestre vem do resultado negativo da agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%). Entre as atividades industriais, o desempenho foi puxado pelas quedas de 2,2% nas Indústrias de Transformação e de 0,9% na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos.
Essas quedas compensaram a alta que houve de 5,3% nas Indústrias Extrativas e 2,7% na Construção. Por outro lado, os Serviços cresceram 0,7% no segundo trimestre.
“Uma coisa acabou compensando a outra. A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção”
por Rebeca Pallis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE
Serviços cresceram em quase todas as atividades
Nos serviços, os resultados positivos vieram de quase todas as atividades: informação e comunicação (5,6%), outras atividades de serviços (2,1%), comércio (0,5%), atividades imobiliárias (0,4%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,3%) e transporte, armazenagem e correio (0,1%). Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,0%) ficou estável.
“Quase todos os componentes dos serviços cresceram, com destaque para o comércio e transporte na taxa interanual, que foram as atividades mais afetadas pela pandemia e que estão se recuperando mais agora”, afirmou Palis.
Com 2ª onda da covid-19, consumo das famílias fica estável
A estabilidade do PIB no segundo trimestre também reflete o consumo das famílias, que não variou no período (0,0%), ainda impactado pelos efeitos da segunda onda da pandemia no país. Já o consumo do governo teve alta de 0,7%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) recuaram 3,6% no período.
“Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias”, declarou Rebeca.
Mercado prevê PIB de 5,22% em 2021
O resultado do PIB no segundo trimestre pode alterar as previsões para o crescimento da economia ao final do ano. A expectativa do mercado financeiro é de que o PIB brasileiro tenha crescimento de 5,22% em 2021, de acordo com o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (30) pelo Banco Central.
A projeção do mercado está acima da expectativa do próprio Banco Central, que prevê que a economia brasileira cresça 4,6% este ano, mas abaixo da previsão do governo, que espera alta de 5,3% no PIB em 2021, segundo o último Boletim Macrofiscal, divulgado em julho.