Depois de 18 dias de tensão, o anúncio que o mundo esperava aconteceu às 18h47 do horário local (8h47 em Brasília) de ontem: todos os 12 meninos e seu treinador que estavam presos em uma caverna no interior da Tailândia foram resgatados em segurança.
“Os 12 Wild Boars [nome do time de futebol dos garotos] e seu técnico já deixaram a caverna e estão a salvo. Hooyah!” escreveu nas redes sociais a unidade SEAL da Marinha tailandesa. “Nós não temos certeza se isso foi um milagre, a ciência ou outra coisa”, completou.
A operação de resgate teve participação de 19 mergulhadores – ao todo, mil militares tailandeses participaram. “Estou tão feliz que nem consigo agradecer a todos que participaram”, disse Narongsak Osatanakorn, responsável por comandar o resgate.
Todo o grupo deve permanecer por pelo menos sete dias em quarentena no hospital, onde passam por exames médicos. Com isso, foi descartada a possibilidade deles comparecerem à final da Copa do Mundo no próximo domingo na Rússia -a Fifa tinha anunciado que eles estavam convidados caso estivessem autorizados a viajar.
Os meninos já conseguiram ver os pais através de vidros, mas não puderam ainda ter contato físico com os familiares.
Agora que o resgate terminou, a caverna deve ser fechada para ter a segurança reforçada e dpois será reaberta ao turismo.
VOLTA À ATIVAOs 12 meninos poderão em breve voltar a jogar pelos “Moo Pa” (javalis selvagens), a equipe de futebol da qual fazem parte.
O grupo inclui um goleiro, dois defensores, quatro meio-campistas e três atacantes, além de um jogador sem posição definida, de acordo com o jornal britânico The Guardian, – há ainda um garoto que não faz parte da equipe e estava apenas acompanhando um amigo.
CONHEÇA O PERFIL DOS ‘MOO PA’
Adul Sam-on, 14: por saber inglês, atuou como tradutor com os primeiros mergulhadores, que eram britânicos. Joga como ponta-esquerda.
Duganpet Promtep, 13: apelidado de Dom, é atacante e capitão do time e foi sondado por equipes da região.
Chanin Vibulrungruang, 11: caçula do grupo, se juntou ao Wild Boars há três anos. Apelidado de Titan e também atacante, teria sido um dos últimos a deixar a caverna.
Panumas Sangdee, 13: conhecido como Mick, joga como zagueiro.
Somepong Jaiwong, 13: ponta-direita, recebeu o apelido de Pong.
Mongkol Booneiam, 13: chamado de Mark, torcedor do Muangthong United, um dos principais times do país, pratica natação e ciclismo.
Nattawut Takamrong, 14: com apelido de Tle, é atacante e está na oitava série da escola local.
Ekarat Wongsukchan, 14: goleiro da equipe e apelidado de Bew, era responsável por recolher o equipamento da equipe ao fim dos treinos.
Pipat Pho, 15: fez aniversário no dia que entraram na caverna. Não faz parte do time e acompanhava a equipe porque é amigo de Ekarat Wongsukchan.
Prajak Sutham, 15: Note, como é conhecido, joga como goleiro e no meio-campo e também fez aniversário enquanto estava na caverna,
Pornchai Kamluang, 16: apelidado de Tee, joga na defesa.
Peerapat Sompiangjai, 16: outro a fazer aniversário no dia que o grupo entrou na caverna, tem o apelido de Night e joga como ponta-direita.
Ekapol Chanthawong, 25: assistente da equipe, foi encarregado pelo técnico principal de levar as crianças para o passeio que acabou com o grupo preso. Ex-monge, abriu mão de comer enquanto o grupo estava perdido para deixar mais comida para as crianças.
NAVY SEALS RESGATARAM MENINOS
Cada vez que uma das 13 pessoas presas na caverna de Tham Luang Nang Non era retirada do local, o perfil das redes sociais da Marinha tailandesa postava um “hooyah!” para avisar ao mundo sobre o resgate.
A expressão costuma ser usada pela Marinha americana como uma forma de celebração e foi adotada também pelo SEALs tailandeses.
O SEAL (sigla para equipe de ataque de terra, água e ar), como é mais conhecida a Equipe de Assalto Subaquática, é uma unidade de elite que existe dentro da Marinha tailandesa. O nome vem de uma unidade homônima da Marinha americana.
Com mais se uma centena de militares, o grupo tailandês é especializado no enfrentamento ao terrorismo e tem treinamento para combate marítimo. Por isso, seus mergulhadores foram escolhidos para ajudar na operação de resgate dos meninos.
O governo tailandês disse que 19 mergulhadores estiveram diretamente envolvidos com a retirada dos meninos, mas não especificaram quantos deles eram SEALs.
O que se sabe é que quatro integrantes da unidade ficaram com os meninos enquanto aguardavam o resgate e foram as últimas pessoas a deixar a caverna. Também eram SEALs os mergulhadores que escoltaram cada um dos adolescentes para fora da caverna.
MENINOS FORAM MEDICADOS EM CAVERNA
Os meninos, com idade entre 11 e 16 anos, estavam presos a cerca de 4 km da entrada da caverna e a 800 metros de profundidade. Para sair, cada um deles fez o trajeto usando tanques de oxigênio e foi acompanhado por dois mergulhadores durante o percurso, que incluiu passagens escuras e apertadas.
O primeiro-ministro tailandês, Prayut Chan-o-chau, revelou ontem que os meninos receberam remédio para controlar a ansiedade para ajudar na travessia.
O temor de uma fatalidade no trajeto aumentou após um ex-SEAL da marinha tailandesa morrer após desmaiar durante um mergulho na última sexta. A possibilidade de que novas tempestades caíssem no local, o que poderia inundar a caverna, obrigou as autoridades a acelerarem a retirada. Apesar da chuva, porém, o nível de água na caverna se manteve estável, já que ela era bombeada para fora.
Os 12 meninos e o treinador estavam explorando as cavernas de Tham Luang Nang Non em 23 de junho e ficaram presos quando o local alagou devido a chuvas. Eles foram localizados dez dias depois. Ao redor do mundo, diversos líderes mundiais expressaram felicidade com o resgate, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel, a primeira-ministra britânica Theresa May e o presidente americano Donald Trump.