Depois da travessia, da separação e da reunificação a seus filhos, imigrantes brasileiros que cruzaram ilegalmente a fronteira com os Estados Unidos nos últimos meses têm um novo périplo à frente: o pedido de asilo.
Alternativa para os que sofrem risco de morte, violência ou perseguição em seus países de origem, o asilo é uma proteção ao imigrante, mas é concedido de forma criteriosa nos EUA.
Nos cinco anos de 2012 a 2016, apenas 43 brasileiros conseguiram a proteção, de um total de 1.500 pedidos, segundo os dados mais recentes disponíveis pela Justiça americana. Em 2016 (último ano da administração Barack Obama), somente 2% dos pedidos foram concedidos.
“É 98% de chance de ser mandado embora”, diz a assistente jurídica Marta Childers, que atua na região de Atlanta.
O rigor da análise varia de acordo com o tribunal ou o juiz. Em alguns estados, a interpretação da lei é mais severa. Na maioria, a primeira pergunta do juiz é: “Por que os Estados Unidos? Por que não outro país ou mesmo outra cidade dentro do Brasil?”
“Existe uma ideia entre os juízes americanos de que o Brasil é um país que tem seus problemas, mas não é perigoso a ponto de oferecer risco de vida”, comenta a advogada Annelise Araújo, brasileira especializada em causas de imigração.
Como o processo judicial demora, a maioria das famílias permanece nos EUA enquanto o pedido transcorre. Mas, para receber o asilo em definitivo, o imigrante precisa demonstrar que sofre perseguição por sua raça, religião, opinião política, etnicidade ou por pertencer a um determinado grupo social, como vítimas de violência contra LGBTs ou violência doméstica.
No caso de imigrantes que entram ilegalmente nos EUA, a primeira etapa para dar início ao processo é uma entrevista. Muita gente passa na entrevista -foi o caso de cerca de 80% dos imigrantes que a fizeram neste ano.
Mas boa parte dos casos acaba sendo negada na esfera judicial, ao final do processo, por não se enquadrarem na previsão legal.