sábado, 23 novembro 2024

Cachaça tem data especial

Nossa aguardente de cana-de-açúcar, nomeada oficialmente de cachaça por decreto presidencial em 1996, tem um dia próprio para ser celebrada: 13 de setembro 

Nossa aguardente de cana-de-açúcar, nomeada oficialmente de cachaça por decreto presidencial em 1996, tem um dia próprio para ser celebrada: 13 de setembro.

O primeiro destilado produzido Brasil surgiu em meados do século XVI, com a indústria canavieira do Brasil Colônia. E o Dia Nacional da Cachaça foi uma iniciativa do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), instituído em 2009.

De acordo com o mestre em Química pela Unicamp e especialista em Tecnologia da Cachaça pela Universidade Federal de Lavras (MG), Miguel Zoca, também produtor da bebida em Torrinha (SP), a data tem relação com um fato histórico nacional.

“Em 13 de Setembro de 1661, após a revolta da população conhecida como a Revolta da Cachaça, a Coroa Portuguesa finalmente liberou sua fabricação e comercialização. Até então, sua produção estava proibida e vivia na clandestinidade, pois a nossa aguardente de cana era concorrente direta da bagaceira, destilado de cascas de uvas fermentadas produzido em Portugal”, revela.

Segundo o especialista, a aguardente de cana é o terceiro destilado mais consumido no mundo. “Sua produção anual é de aproximadamente 1,3 bilhões de litros, fabricados por mais de cinco mil destilarias legalizadas. O principal produtor é o estado de São Paulo, com 45% da produção, seguido por Pernambuco, com 12%, e Ceará, com 11%. A maior parte da produção é consumida no Brasil”.

Embora em 2021 tenham sido exportados 2,5 milhões de litros de cachaça, o número representa apenas 2% da produção. O maior importador é a Alemanha, seguida do Paraguai. Mas essa realidade vem mudando, ao longo do tempo, na avaliação do produtor e especialista.

“A cada dia nosso destilado está conquistando mais espaço, tanto no Brasil, quanto no exterior. No Brasil, a preferência pela bebida Premium e Extra Premium tem aumentado muito, dada às qualidades excepcionais que se obtêm no envelhecimento. Já no exterior, a preferência ainda são as brancas, para o preparo da caipirinha. Talvez, devido à falta de uma propaganda mais abrangente, nosso destilado envelhecido é pouco conhecido ainda lá fora. Porém, ao provar nosso destilado Premium e Extra Premium os turistas estrangeiros ficam apaixonados”, ressalta Zoca.

Outro fator que contribui para a inexpressividade das vendas para fora do País, na avaliação de Miguel Zoca, é a falta de iniciativas. “Setorial e politicamente falando, as ações para divulgar nosso destilado no exterior são muito tímidas ainda”, destaca.

Branquinha ou amarelada?

Aqui no Brasil temos cachaças brancas, as quais não passam pelo processo de envelhecimento e são armazenadas em tanques de inox, e amareladas, que passaram por armazenamento ou envelhecimento em madeira, daí a coloração. As primeiras são mais agressivas ao paladar e ao olfato, indicadas para preparação de drinks, como a caipirinha. Já as amarelas são próprias para degustação pura, mas também ajudam a compor ótimos drinques.

“Quanto maior o tempo de envelhecimento em barris de madeira de até 700 litros, melhores são suas qualidades sensoriais, aromas e sabores. As envelhecidas em barris de carvalho podem ter aromas que remetem ao chocolate, à baunilha, castanhas e, claro, à madeira. Os sabores são mais equilibrados, de maior corpo e elegância”, ensina o especialista e produtor Miguel Zoca. 

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