O governo vai anunciar aumento de R$ 0,20 na Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) incidente sobre a gasolina, afirmou o deputado federal Arnaldo Jardim (SP), líder do Cidadania e integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária.
Em vídeo divulgado em uma rede social, Jardim afirma que a crise sanitária e econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus tem impactado fortemente o setor sucroenergético, especificamente o etanol.
Segundo ele, as perdas levaram a frente parlamentar a negociar com o governo, que decidiu, então, adotar medidas de estímulos ao setor.
“O governo anuncia agora decisões importantes, R$ 0,20 a mais na Cide da gasolina.15% sobre qualquer gasolina importada. E virá também uma linha de financiamento para o nosso etanol, para a sua estocagem”, afirmou, no vídeo.
Hoje, a alíquota atual da Cide sobre a gasolina é de R$ 0,10 por litro. Usineiros afirmam que a queda do preço do petróleo, que barateou a gasolina, provocou perda de competitividade do etanol em relação àquele combustível.
Diante desse cenário, eles defendem que o governo adote uma série de medidas compensatórias, entre elas o aumento da Cide na gasolina.
Nesta sexta (1º), em entrevista coletiva, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, confirmou que o governo estava analisando medidas ligadas ao setor de etanol, mas ressaltou que ainda não havia tomado uma decisão.
“Em momento apropriado, os ministros Bento [Albuquerque, Minas e Energia] e [Paulo] Guedes [Economia], em conjunto com outros ministros, anunciarão [as medidas]”, afirmou. A medida tem o apoio do Ministério da Agricultura.
A queda do preço da gasolina reflete o excedente global de petróleo e combustíveis, fruto da redução da demanda e de divergência entre os exportadores sobre cortes na produção, que levou a cotação do Brent, referência internacional de preços, ao menor valor em 18 anos na terceira semana de março.
Os usineiros defendem que o governo aproveite o atual contexto de preços baixos na gasolina para formar um colchão financeiro que permitisse reduzir o repasse ao consumidor de disparadas nas cotações internacionais do petróleo.
Em meados de abril, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, reclamou do “lobby” para aumentar impostos no Brasil, em referência a pressões dos usineiros pela elevação da Cide sobre a gasolina.
“Não é hora de extrair lucros extraordinários às custas do consumidor. Nem tampouco é hora de fazer lobby no governo para pedir impostos para se defender da competição”, afirmou ele, em seminário virtual promovido pela FGV.