O novo Kia Cerato chegou sem fazer alarde. Com apenas 225 unidades vendidas no primeiro trimestre, está distante dos líderes Toyota Corolla e Honda Civic, ambos de origem japonesa. Na pista, contudo, é o sedã sul-coreano que anda na frente.
As versões 2.0 mais equipadas dos três modelos passaram pelo teste da reportagem, que mede o consumo e o desempenho dos carros.
As provas de aceleração e retomada foram realizadas em circuito fechado antes do período de quarentena devido à pandemia do novo coronavírus.
Os carros testados são equipados com airbags frontais e laterais, ar-condicionado digital, direção com assistência elétrica, bancos com forração que imita couro e botão de partida.
O Cerato SX começou a surpreender no trânsito urbano. As arrancadas bem dispostas deram uma prévia do que viria na pista.
Com 167 cv de potência, o Kia foi do zero aos 100 km/h em 9,5s, sendo aproximadamente um segundo mais rápido que o os concorrentes. A diferença se repetiu nas provas de retomada.
O carro sul-coreano cresceu e, enfim, pode ser visto como um autêntico sedã médio. Além de menor, a geração anterior oferecia apenas motor 1.6 flex (128 cv).
Embora tenha acabamento correto para seu preço (R$ 105 mil), o Cerato SX tem forrações e mostradores mais simples que os vistos nos rivais. Mas, além de custar menos, é o único a trazer bancos dianteiros com aquecimento.
O Corolla Altis Premium é o mais equipado e econômico desse comparativo. A opção 2.0 tem 177 cv e câmbio automático do tipo CVT, que simula 10 marchas. Na estrada, com gasolina, fez a média de 21,7 km/l, novo recorde entre os sedãs médios.
O modelo da Toyota avaliado traz teto solar e bancos com forração em dois tons, creme e cinza escuro. É o único a ter faróis com LEDs nos dois fachos e luz alta automática, que permite usar seu alcance máximo sem ofuscar a quem segue na pista contrária.
O banco do motorista tem ajustes elétricos e há o melhor pacote de segurança do segmento, com sistema de frenagem autônomo e controlador adaptativo de velocidade (aumenta e reduz a velocidade de acordo com o ritmo do trânsito). Para ter tudo isso, é preciso pagar R$ 130,4 mil.
A linha 2020 do Civic manteve os 155 cv e o câmbio do tipo CVT que simula sete marchas, mas trouxe pequenas atualizações no visual e novos equipamentos. Vendida por R$ 114,1 mil, a versão EXL ganhou saídas de ar para o assento traseiro. Os bancos acinzentados têm formato esportivo, fiel à proposta do carro.
Mas o visual futurista dividiu opiniões desde o lançamento, em 2016, e afastou parte do público dos sedãs médios.
Hoje, o Civic é o segundo colocado em vendas de seu segmento, com 4.855 unidades emplacadas no primeiro trimestre. O Corolla lidera com folga: foram 12.088 licenciamentos no mesmo período, segundo a Fenabrave (entidade que representa as distribuidoras de veículos).
O segmento de sedãs médios tem outras boas opções, a exemplo do Chevrolet Cruze e do Volkswagen Jetta, ambos com motores 1.4 turbo flex e câmbios automáticos de seis marchas.
Mas no universo desse comparativo, restrito a modelos de origem asiática com motor 2.0, o Cerato mostrou-se uma boa surpresa. Pode não ter a merecida fama de Civic e Corolla, mas provou ser um carro agradável no dia a dia, superior à geração anterior.