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sexta-feira, 14 março 2025

Amazônia tem recorde de alerta de desmate pelo 2º mês seguido

 Em fevereiro deste ano, o Deter registrou pouco mais de 198 km² de áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia, maior valor registrado para o mês. Em segundo lugar aparece fevereiro 2020, com 186 km²

Fiscal do IPAAM, Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, vistoria um desmatamento recente no município de Apui, no sul do Amazonas. ( Foto: Lalo de Almeida/Folhapress)

Pelo segundo mês consecutivo, os alertas de desmatamento na Amazônia bateram o recorde da série histórica recente do Deter, programa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com início em 2015/2016. Em fevereiro deste ano, o Deter registrou pouco mais de 198 km² de áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia, maior valor registrado para o mês. Em segundo lugar aparece fevereiro 2020, com 186 km².

O Deter tem a função de auxiliar na fiscalização ambiental a partir de alertas, praticamente em tempo real, de desmatamentos que ocorrem na Amazônia. Apesar de seu objetivo estar ligado primordialmente a ações de fiscalização, o programa pode também ser usado para observar a tendência do desmatamento no bioma.

Apesar de recorde, o número registrado em fevereiro é relativamente baixo (considerando as taxas usuais de desmatamento), o que é comum para os primeiros e para os últimos meses do ano, nos quais a estação chuvosa na floresta dificulta o desmate. Desde o início do governo Jair Bolsonaro (PL), as taxas de desmatamento têm se mantido em patamares elevados, alcançando os maiores valores vistos na última década.

O presidente, já em sua campanha, afirmava, sem apresentar provas, que haveria uma suposta indústria da multa ambiental. Eleito, chegou a desautorizar ação de fiscalização ambiental em andamento e vem se posicionando, continuamente, a favor da liberação de projetos de exploração de terras protegidas.

Em 2022, há ainda uma preocupação extra no cenário amazônico. Anos de eleição costumam vir acompanhados de maiores níveis de desmatamento -e não só na Amazônia, mas até mesmo na superdevastada mata atlântica. A principal aposta de Bolsonaro na Amazônia foi usar as Forças Armadas no combate aos ilícitos ambientais, ação amplamente questionada por seu alto custo -várias vezes superior ao orçamento do Ibama, que possui equipes especializadas no combate a esses crimes – e falta de especialidade.

No momento, o governo se posiciona favorável à liberação de mineração em terras indígenas, áreas conhecidas pelos baixos índices de desmatamento. Procurado, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que o “governo federal atua de forma ainda mais contundente em 2022 no combate aos crimes ambientais”, em ações coordenadas.

Nos últimos anos os números de multas ambientais vêm caindo. Em 2021, as autuações chegaram ao menor nível em duas décadas.

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