sábado, 18 maio 2024

América Latina perdeu 60% de sua fauna nos últimos 500 anos, diz estudo

Quase 60% dos mamíferos que viviam originalmente na América Latina desapareceram nos últimos 500 anos, revela o mais amplo estudo já feito sobre o tema, assinado por cientistas brasileiros.

O sumiço dessa fauna, além disso, está sendo acompanhado de uma assustadora “miniaturização” – as espécies que sobram, em geral, são as menores.

O processo, conhecido como desfaunação, não atinge só áreas desmatadas ou queimadas, podendo ocorrer também em regiões de floresta aparentemente preservada que passaram por forte pressão de caçadores.

A combinação de ameaças fez com que dois biomas (ambientes) do Brasil, a caatinga e a mata atlântica, sejam os campeões de desfaunação, tendo perdido 75% e 62% de seus mamíferos, respectivamente.

No ranking de países, o Brasil é o terceiro mais “desfaunado”, ficando atrás apenas da Nicarágua e de Honduras.

A grande ironia é que o bioma menos afetado na América Latina é justamente o Pantanal (desfaunação de 34%), que hoje sofre os efeitos de uma das piores sequências de queimadas de sua história.

Publicado na revista especializada Scientific Reports, o novo levantamento é assinado por Juliano André Bogoni e Carlos Peres, da Universidade de East Anglia (Reino Unido), e Katia Ferraz, da USP (Universidade de São Paulo).

A equipe combinou uma série de dados para chegar a suas conclusões. Além de informações sobre a atual distribuição dos mamíferos latino-americanos, extraídas da literatura científica entre 2015 e 2020, eles usaram estimativas sobre qual seria a presença geográfica “natural” desses bichos feitas pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, órgão que define as listas globais de espécies ameaçadas).

Também incluíram na análise uma série de fatores que ajudam a estimar a pressão de caça à qual os animais estão submetidos em cada região (coisas como a quantidade de habitat preservado e a presença de áreas protegidas por lei).

O levantamento incluiu apenas os mamíferos de médio e grande porte (definidos convencionalmente como as espécies pesando 1 kg ou mais), que são os mais afetados pela desfaunação.

Essas informações permitiram chegar a uma porcentagem “bruta” de desfaunação.

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