domingo, 5 maio 2024

Apoiado pelo PT, Cauê é reeleito

O deputado estadual Cauê Macris, do PSDB de Americana, foi reeleito ontem presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo ao derrotar, entre outros, a candidata do PSL, Janaina Paschoal, professora da USP e uma das autoras do pedido impeachment de Dilma Rousseff (PT). Antes da eleição, os 94 deputados eleitos em 2018 tomaram posse para a legislatura 2019-2022.

Costurada num tradicional acordo da Casa, a eleição de Cauê já era esperada. Já Janaina Paschoal, eleita na esteira de popularidade de Jair Bolsonaro (PSL), buscou a presidência sustentada pelo seu recorde de mais de 2 milhões de votos. Janaina tinha o apoio somente do PSL, a maior bancada da Assembleia, com 15 eleitos, e do deputado Arthur “Mamãe Falei” (DEM). Daniel José (Novo) e Mônica Seixas (PSOL) também disputaram o cargo.

Cauê foi eleito com 70 votos, dos 94 possíveis. Janaina recebeu 16, enquanto Daniel José (Novo) e Mônica da Bancada Ativista (PSOL) receberam quatro votos cada um. Ao votar, Janaina afirmou que “não tem preço ver o PT brigando pelo PSDB”, em referência à aliança entre os dois partidos, que ajudou a reeleger Cauê.

Ao votarem no tucano, os petistas disseram votar a “favor da democracia e contra o ódio, a intolerância, o fascismo e o radicalismo”, em indireta a Janaina. A distribuição de cargos da direção da Assembleia obedece há anos uma combinação tácita de proporcionalidade.

O PSDB, que geralmente tem a maior bancada, e o PT, em segundo, se aliam para angariar a Presidência e a 1ª Secretaria, respectivamente. O petista Ênio Tatto foi eleito, com 70 votos, primeiro-secretário da Mesa. Tucanos e petistas trabalharam para manter o acordo e isolar o PSL, que também deve ficar de fora da distribuição de comissões.

Habilidade e suspeitas na campanha

Com a votação desta sexta, Cauê foi reconduzido à Presidência, que ocupa desde 2017. Na ocasião, aos 33 anos, tornou-se o mais jovem presidente da história da Assembleia, com 88 dos 94 votos. Além de se beneficiar do apoio dos tucanos à frente do Estado, antes Geraldo Alckmin e agora João Doria, Cauê ascendeu politicamente graças a sua habilidade nas articulações partidárias.

Ele aprendeu desde cedo em Americana, onde teve a bênção do pai, o também tucano Vanderlei Macris, 68, reeleito deputado federal. Aos 16 anos, em 1999, se filiou ao PSDB e foi eleito vereador em Americana cinco anos depois. Já na reeleição, tornou-se presidente da Câmara de Americana. Em 2010, foi eleito para a Assembleia. Com pouco mais de 114 mil votos, foi o 21º mais votado em 2018.

DENÚNCIAS

Suas contas da última campanha, porém, são alvo de suspeitas de irregularidade – o que foi explorado pelo PSL para desgastá-lo. A suspeita está na compensação de cheques no valor de R$ 266 mil da campanha de Cauê por um posto de combustíveis do qual o tucano é sócio, em Limeira. Seu pai, Vanderlei Macris, compensou outros R$ 615 mil no posto. A transação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, em fevereiro.

Apesar dos repasses, a empresa de Cauê não aparece na relação oficial de fornecedores das duas campanhas. Eles afirmam que o posto servia apenas como intermediário de pagamento de cabos eleitorais que não têm conta e moram no Interior. Nas contas de Cauê e do pai analisadas pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral), os cheques não são mencionados. O deputado diz que agiu dentro da lei e que sua prestação de contas foi aprovada na Justiça Eleitoral.

Posse é marcada por protestos

A cerimônia de posse dos 94 deputados durou cerca de 40 minutos ontem. Um a um, quando chamados ao microfone, os deputados tinham que fazer um juramento, dizendo “assim o prometo”. Muitos, no entanto, aproveitaram para fazer outros manifestos, a favor das Forças Armadas ou do desarmamento, por exemplo. Deputados alinhados ao presidente Jair Bolsonaro repetiram o slogan “Deus acima de tudo, Brasil acima de todos”, enquanto deputados de esquerda entoaram “Lula livre” e perguntaram quem mandou matar Marielle Franco (PSOL).

 

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