sábado, 27 abril 2024

Bicicleta vive ‘boom’, e setor eleva o faturamento em 54%

Seja para apenas passear, como alternativa de transporte ou complementação de exercício físico, o uso da bicicleta no Brasil vive um “boom” na pandemia.

A procura começou a subir durante os primeiros meses de distanciamento social e não arrefece, fazendo com que o setor esteja entre os beneficiados por mudanças de comportamento em tempos ainda anormais.

Enquanto vários setores amargaram perdas, a cadeia de produção e venda das bikes terminou o ano passado com uma alta de 54,4% no faturamento, em comparação com o resultado do ano anterior, aponta estudo feito pelo Itaú Unibanco.

O comércio desse tipo de equipamento sentiu o aumento da procura pouco depois de o distanciamento ser implementado para conter a pandemia, em 2020. “Percebemos que houve uma migração do esporte e do transporte coletivos para o individual, e também um aumento da preocupação com a saúde”, diz Jean Graminho, diretor de marketing da Pedal Power, localizada em Moema, na capital paulista.

Entre maio do ano passado e fevereiro deste ano, a procura por bikes na loja aumentou 50%, e a busca por serviços de oficina, 45%, afirma Graminho.

“A demanda veio principalmente dos clientes que queriam praticar esporte, pois, por um tempo, não tinha academia aberta, as piscinas de clubes estavam fechadas e quem jogava futebol também ficou sem a sua atividade”, diz.

Os fabricantes registraram uma alta equivalente. O Polo Industrial de Manaus produziu em janeiro deste ano quase 57 mil unidades – alta de praticamente 45% em relação ao mês de dezembro de 2020 e de 1% em sobre janeiro do ano passado.

Os dados são da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).

Os fabricantes instalados em Manaus estimam que serão produzidas 750 mil unidades neste ano, alta de 13% em relação ao ano passado.

O modelo mais procurado durante a pandemia foi a mountain bike aro 29 – alta de 50%, segundo Cyro Gazola, presidente da marca Caloi e vice-presidente da Abraciclo. “Antes, essa bicicleta era mais usada em trilhas e terrenos acidentados. Na pandemia, passou a ser usada também na cidade”, afirma.

Os modelos mais fabricados, de acordo com a associação, são mountain bikes aro 29 (64%), bicicletas urbanas e de lazer (31,9%) e modelos infanto-juvenis (2,5%).

Embora as regiões Sul e Sudeste continuem sendo os principais polos consumidores, houve um aumento na demanda no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, de acordo com Gazola.

A produção de bicicletas, no entanto, não ficou imune à disrupção na cadeia de fornecimento de insumos, um efeito colateral da pandemia que restringe a produção em vários segmentos em escala global.

“Estamos com um ‘gap’ de 50% na oferta de insumos das bicicletas fabricadas no Brasil, e faltam, principalmente, transmissões, freios, suspensões e selim”, diz. “De cada 10 unidades que normalmente poderíamos entregar, finalizamos 7 ou 8”.

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de bicicletas, mas, com o aumento da demanda, o governo ampliou as facilidades para importadores. Em fevereiro, a Câmara de Comércio Exterior do Ministério da Economia publicou uma resolução que determina a redução da tarifa de importação para bicicletas. Foi estabelecida uma redução progressiva da tarifa, que estava em 35%. Desde 1º de março, caiu para 30%. A taxa sofrerá nova redução, para 25%, a partir de 1º de julho e cairá para 20% a partir de 31 de dezembro.

No ano passado, o Brasil exportou bicicletas, principalmente, para o Paraguai, o Uruguai e a Bolívia.

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