sexta-feira, 3 maio 2024

Com dívida de R$ 1,6 bi, Abril entra com pedido de recuperação judicial

O Grupo Abril entrou com pedido de recuperação judicial nesta quarta-feira (15), quatro semanas depois de entregar sua gestão à consultoria de reestruturação Alvarez & Marsal.

Em comunicado, justificou a decisão afirmando que busca “proteção judicial para a repactuação do seu passivo junto a bancos e fornecedores e, dessa forma, garantir sua continuidade operacional”. Segundo a própria Abril, a dívida é de R$ 1,6 bilhão. Só no ano passado, o prejuízo foi R$ 332 milhões.

No cargo desde o dia 19 de julho, quando substituiu Giancarlo Civita, da família controladora, o novo presidente do grupo, Marcos Haaland, que é diretor-executivo da consultoria, comandou cortes de pessoal e de títulos. No grupo todo, foram dispensados ao longo da última semana cerca de 800 funcionários, segundo a Abril. Entre eles, 150 são jornalistas, segundo o sindicato da categoria em São Paulo.

As primeiras demissões foram realizadas no dia 6. O pagamento das primeiras rescisões seria feito até esta quinta-feira (16), mas agora elas entram na dívida total. De acordo com o sindicato, deverão ter prioridade.
O comunicado do grupo informa que o pedido de recuperação abrange “todas as companhias operacionais, incluindo a Abril Comunicações e as empresas de distribuição de publicações e de encomendas”, respectivamente, Dipar e Tex Courier.

Abril Comunicações reúne agora 16 títulos, entre revistas como Veja e sites como M de Mulher, que sobreviveram aos cortes. A justificativa para o pedido, de maneira mais ampla, é que “nos últimos anos o setor vem passando por profunda transformação tecnológica que afetou fortemente as empresas de mídia, no Brasil e no mundo, com impacto na circulação de revistas e na receita de publicidade”.

A Abril estaria se ajustando a essa nova realidade via redução de custos e despesas, como na semana passada.
“Porém, uma situação de instabilidade junto a seus credores e ações abruptas de restrição de seu capital de giro levaram a seguir pelo caminho da proteção judicial.”

Em entrevista publicada no site da revista Exame, um dos principais títulos que restaram, Haaland repetiu que “um evento precipitou a entrada com o pedido da recuperação: de uma forma abrupta, os bancos decidiram restringir o acesso da Abril a capital”.

Acrescentou que, embora ainda seja necessário aguardar a confirmação de que atingiu equilíbrio com os cortes realizados, ele não tem “previsão de novos cortes, e sim de um redesenho da companhia”, que passaria a dar maior atenção à internet.

Se a Vara de Recuperação Judicial e Falências de São Paulo aceitar o pedido de recuperação, o juiz designa- do deverá nomear um administrador judicial para supervisionar a Abril –que ficará sob proteção judicial por seis meses, período “em que não pode ser executada pelos credores”, de acordo com Haaland.

Raio-X do Grupo Abril

Dívida: R$ 1,6 bilhão
Prejuízo: R$ 332 mi (2017)
800 demissões foram anunciadas desde o dia 6 (150 jornalistas)
Títulos que permanecem: Veja, Veja SP, Exame, Você S/A, Você RH, Quatro Rodas, Placar, Capricho, Claudia, M de Mulher, Bebe.com, Guia do Estudante, Saúde, Superinteressante, Viagem e Turismo e VIP

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também