sábado, 11 maio 2024

Comboios são recebidos com gás lacrimogêneo

Fortes confrontos ocorreram na tarde de ontem nas fronteiras venezuelanas com o Brasil e a Colômbia, quando caminhões e manifestantes tentaram romper os bloqueios militares impostos pelo presidente Nicolás Maduro para fazer entrar a ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos no país.
Em Pacaraima (RR), segundo moradores, forças de segurança impediram com violência manifestantes de se aproximar da fronteira. Militares e policiais lançaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, deixando ao menos seis feridos, nas pontes Simón Bolívar e Santander, que ligam a cidade colombiana de Cúcuta a San Antonio e Ureña, na Venezuela Na linha de frente, os manifestantes jogavam pedras para tentar forçar o recuo dos militares.
A fronteira entre os dois países foi fechada na noite de sexta por ordem de Maduro. Os feridos são manifestantes que faziam parte de uma “corrente humanitária” para fazer passar a assistência. “Eles começaram a disparar à queima roupa como se fôssemos criminosos”, afirmou o lojista Vladimir Gomez, 27, à agência de notícias Reuters, com uma camiseta branca manchada de sangue.
“Sou dona de casa, estou aqui lutando pela minha família, por meus filhos, por meus pais, resistindo ao gás lacrimogêneo dos militares”, afirmou Sobeida Monsalve, 42 anos. Momentos antes, o líder oposicionista Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por cerca de 50 países, subiu em um dos caminhões em sinal de partida.
“A ajuda humanitária está definitivamente a caminho da Venezuela, de maneira pacífica, para salvar vidas neste momento”, disse Guaidó. As duas camionetes enviadas pelo Brasil à Venezuela estavam no início da tarde no ponto intermediário entre as duas alfândegas, em Pacaraima (Roraima).
O primeiro veículo chegou no fim da manhã ao ponto onde estão as bandeiras dos dois países e parou ao lado do pavilhão da Venezuela. O segundo chegou no início da tarde e estacionou ao lado. Os dois caminhões estão parados com a parte da carga voltada para os militares venezuelanos, para que estes observem que transportam apenas ajuda humanitária, explicou um dos coordenadores da operação. Está previsto que os motoristas sigam em marcha a ré e que os motoristas e venezuelanos presentes no Brasil tentem negociar a entrada na Venezuela.

 

Hospitais de RR atendem pelo menos 13 feridos 

Os hospitais de Roraima atenderam desde sexta-feira 13 venezuelanos feridos em confrontos em localidades próximas à fronteira com o Brasil, informou ontem a Secretaria de Saúde (Sesau-RR) do Estado. De todos os atendidos, ao menos cinco foram liberados, enquanto os demais continuavam internados no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, três dos quais em estado grave, segundo a Sesau-RR.
Nove deles se feriram em confronto com militares em Kumarakapay, vila a cerca de 70 km da fronteira. Um dos atendidos, identificado como Lino Benavides, deu entrada na noite de sexta no hospital em Boa Vista com traumatismo craniano. Outro, Kleber Perez, foi atingido por um tiro no tórax e encontra-se internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
A tensão na região fronteiriça se intensificou desde quinta-feira (21) à noite, quando o governo do presidente Nicolás Maduro anunciou o fechamento da fronteira, de modo a evitar a entrada de toneladas de ajuda humanitária enviada por Brasil e Estados Unidos, no que o regime venezuelano acusa ser uma tentativa de invadir seu território.
Na manhã de ontem, dois caminhões com ajuda humanitária saíram de Boa Vista e percorreram os 214 km até Pacaraima, na fronteira. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um desses caminhões cruzou o limite entre os dois países.

 
‘Não somos mendigos’, diz Nicolás Maduro

Enquanto manifestantes e militares entraram em confronto na fronteira entre a Venezuela e Colômbia, o ditador Nicolás Maduro fez ontem um discurso diante de uma multidão em Caracas em que prometeu defender o país de “intervenções estrangeiras”.
Maduro fez referências ao Brasil. “Mandei uma mensagem: estamos dispostos, como sempre estivemos, a comprar todo arroz, todo leite em pé, toda a carne. Mas, pagando. São somos mau pagadores. Nem mendigos. Somos gente honrada, que trabalha”, disse, em relação a ajuda humanitária enviada pelo Brasil.
“Trazer caminhões com leite em pó? Compro agora e pago agora. Querem trazer carne? Que venham para os mercados populares”, completou. “É uma ordem que dou ao povo, aos militares patriotas. Se vocês amanhecerem um dia com a notícia de que fizeram algo com Nicolás Maduro, saiam as ruas”, acrescentou.
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