sábado, 27 julho 2024

Em greve de ônibus, passageiros de SP sofrem com alta de aplicativos

Trabalhadores se atrasam, e motoristas de apps dizem que demanda ‘está fervendo’ durante paralisação no transporte público nesta terça (14) 

Passageiros de ônibus usam celulares para pedir carro por transporte por aplicativo para irem a seus destinos, a demora chega a 1 hora. (Foto: Reprodução / Guilherme Balza)

O recado em um grupo de aplicativos de transporte avisava na manhã desta terça-feira (14), dia de greve de ônibus na cidade de São Paulo: “O dinâmico está fervendo”.

A frase, sobre o preço maior da corrida pela alta na procura, refletia bem o peso no bolso da atendente de telemarketing Tanara Garibaldi, 18, que depois de tentar achar, em vão, uma van de lotação no entorno do terminal Santo Amaro, na zona sul, decidiu chamar um carro de aplicativo.

“Tenho que estar às 9h na minha mesa”, afirmou, sobre a missão que dificilmente iria cumprir, já que passava das 8h40 quando um motorista aceitou a corrida e levaria mais seis minutos para chegar até ali.

“Vou pagar R$ 30 por uma corrida que não vai levar 20 minutos”, disse, sobre o trajeto até a Chácara Santo Antônio, onde trabalha.

A saga de Ariane Santos, 27, era pior. Funcionária no escritório de uma empresa de chocolate no Brooklin, na zona sul, ela convenceu o chefe a ir buscá-la depois de 40 minutos de espera por um carro de aplicativo, sem que nenhum motorista tivesse aceitado a corrida.

“Vão mandar alguém me buscar”, afirmou ela.

Dentro do terminal, José Rubens Teixeira, 38, desceu de um ônibus vindo de Cidade Dutra, zona sul, e foi informado por um fiscal que, para chegar ao centro, apenas indo de metrô -junto ao terminal funciona a estação Largo 13 da linha 5-lilás.

“Preciso ir até a região do terminal Bandeira. Assim, vou de metrô até a estação Anhangabaú e lá pego um Uber para não ficar muito caro”, disse.

Já Julio César Marinho Costa aguardava dentro do terminal instruções do chefe para saber o que fazer para chegar ao trabalho na avenida Presidente Juscelino Kubitschek, na região do Itaim Bibi. Para justificar o atraso, ele fez uma selfie dos pontos de ônibus vazios.

De minuto em minuto, um recado sonoro informava os passageiros sobre a greve e que apenas alguns ônibus estavam chegando e saindo do terminal.

Reivindicação A paralisação de 24 horas, iniciada à 0h, foi marcada para esta terça após motoristas após fracasso no acordo entre o SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de São Paulo) e o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo).

Com data-base em 1º de maio, as negociações salariais dos trabalhadores em transporte rodoviário de São Paulo começaram em março. Os motoristas pedem reajuste salarial de 12,47%, referente ao índice do INPC/IBGE, entre outras reivindicações, como 100% das horas extras, fim da hora de almoço não remunerada e pagamento PLR (participação nos lucros e resultados), mas não houve concordância.

“A princípio o setor patronal insistiu em oferecer apenas 10% de reajuste e ainda de modo parcelado. Agora, ofereceram os 12,47%, mas apenas a partir de outubro, o que é inadmissível”, declarou o presidente em exercício do sindicato, Valmir Santana da Paz, o Sorriso.

Pela manhã, a greve atingiu 15 empresas que atuam no transporte coletivo da cidade

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