sábado, 20 abril 2024

Em meio a seca, grupo que gerencia crise hídrica determina mais vazão de água em quatro hidrelétricas

 O presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória há cerca de dez dias criando a Creg, grupo interministerial comandado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, com poderes de decisão até o final deste ano

A medida foi uma recomendação do CMSE (Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico) ( Foto: Agência Brasil)

A Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) determinou, nesta quinta-feira (8), o aumento do nível de água nos reservatórios das hidrelétricas de Ilha Solteira e Três Irmãos e da vazão de água nas turbinas de Jupiá e Porto Primavera. A medida foi uma recomendação do CMSE (Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico).

Embora seja um órgão permanente, o CMSE não tem poder executivo. Por isso, o presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória há cerca de dez dias criando a Creg, grupo interministerial comandado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, com poderes de decisão até o final deste ano.

Segundo o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Christiano Vieira, a Creg decidiu que, até agosto, as usinas de Ilha Solteira e de Três Irmãos poderão operar com dois metros acima do nível mínimo do reservatório, chegando a 325 metros -o nível mínimo para a operação é de 323 metros.

Essa medida reduzirá o volume de água no leito do rio, o que poderá comprometer a navegabilidade da hidrovia Tietê-Paraná.

Por isso, foram encomendados estudos ao ONS em conjunto com o Ministério da Infraestrutura e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para saber se é possível manter a navegação se o nível de água no reservatório das duas geradoras ficar em 324,8 metros. O prazo dado é de 15 dias.

O grupo também decidiu aumentar a vazão mínima para 2.900 m³/s entre as usinas de Porto Primavera e Jupiá e para 2.300 m³/s em Jupiá “com vistas a preservar o armazenamento das usinas hidrelétricas”, segundo o Ministério de Minas e Energia. Essas usinas não possuem reservatório e são conhecidas como “fio d´água” porque as turbinas estão no nível do rio.

“No início da crise, essas geradoras operavam com 3.900 m³/s de água passando pelas turbinas”, disse o secretário Christiano Vieira à reportagem.

Segundo ele, a Creg pediu ainda estudos ao ONS e a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) para avaliar a melhor estratégia de uso da água das usinas da bacia do rio Grande. Os resultados deverão ser encaminhados ao CMSE em duas semanas.

O rio possui 13 hidrelétricas que respondem por cerca de 7,6 GW da energia elétrica gerada no país.

“O que estamos tentando fazer é um deslocamento de águas entre os rios [de uma mesma bacia] para poupar a geração das hidrelétricas até outubro”, disse Vieira. “Até lá, vamos usar energia de outros sistemas e até a importação da energia para preservar o uso dessa água para um momento mais crítico.”

O secretário informou que a Creg avalia mecanismos de contratação de energia nesse período de todas as fontes disponíveis e não descarta uma nova rodada de importação do Uruguai e da Argentina.

“A nossa grande preocupação é o preço”, disse Vieira. “Estamos operando com térmicas que produzem a R$ 1.200 o MWh [megawatt-hora]. Temos fontes mais baratas mas elas precisam ser acionadas por um período mais longo. Por isso, estamos tentando uma outra saída.”

Na reunião, também foi confirmada o reajuste das tarifas das bandeiras de energia pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ficou definido que, por meio de uma consulta pública, a agência irá avaliar um novo reajuste para a bandeira vermelha patamar 2. 

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