quarta-feira, 27 novembro 2024

Em sabatina, Aras diz que Lava Jato cometeu ‘série de irregularidades’

Procurador-Geral da República participou de sabatina no Senado na manhã desta terça-feira (24)  

“O modelo das forças-tarefa, com pessoalização, culminou em uma serie de irregularidades que vieram a público, tais como os episódios revelados na Vaza Jato”, disse Augusto Aras – Pedro França/Agência Senado

O Procurador-geral da República, Augusto Aras, atacou a antiga força-tarefa da Lava Jato em sabatina no Senado na manhã desta terça-feira (24). Em pronunciamento inicial aos parlamentares, que votarão para reconduzi-lo ou não ao comando da PGR, Aras acusou os procuradores responsáveis pela operação de cometerem um “série de irregularidades que vieram a público”.

“O modelo das forças-tarefa, com pessoalização, culminou em uma serie de irregularidades que vieram a público, tais como os episódios revelados na Vaza Jato”, afirmou Aras, em alusão à publicação de mensagens trocadas entre o ex-juiz federal Sérgio Moro e procuradores do MPF (Ministério Público Federal) no Paraná.

As críticas fizeram parte de um balanço inicial que Aras fez em pouco mais de 30 minutos um balanço sobre os dois primeiros anos no cargo. Além de citar números sobre a gestão, adotou um discurso garantista, semelhante ao que fez em sua primeira sabatina, em setembro de 2019.

Aras é ouvido pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) desde as 10h30. A comissão tem 27 membros, mas todos os senadores têm direito a fazer perguntas ao PGR. Ao final da sabatina, a CCJ votará o parecer do senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator da indicação, que foi favorável à aprovação de Aras.

Seja qual for o resultado na CCJ, a decisão caberá ao plenário do Senado. Para ser reconduzido ao cargo, Aras precisará de apoio da maioria absoluta da Casa, ou seja, de 41 dos 81 votos possíveis.

Nova sabatina

No cargo de PGR desde setembro de 2019, Aras foi indicado no dia 21 de julho para mais um mandato de dois anos. Ao escolher Aras, Bolsonaro voltou a ignorar a lista tríplice da ANPR (Associação Nacional de Procuradores da República), o que desagradou a cúpula da PGR.

Aos senadores, Aras chamou a eleição da lista tríplice de “inauditável” e questionou o modelo de escolha da ANPR. “O sistema utilizado para as eleições internas, inclusive a lista tríplice ao cargo de PGR, possibilitava graves inconsistências e era totalmente inauditável”, declarou.

Desde o fim do mês passado, Aras vem sofrendo pressões crescentes para agir diante dos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral. O PGR foi cobrado por três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para que se posicionasse sobre as declarações do presidente, sem provas, de que houve fraude em eleições anteriores.

Um grupo de cerca de 30 procuradores no topo da carreira, que se opõem ao comando do PGR, também passou a cobrar providências. No último dia 16, Aras enfim informou à ministra Cármen Lúcia ter aberto uma Notícia de Fato (investigação preliminar) sobre as condutas do presidente, mas não se manifestou sobre o conteúdo delas.

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