terça-feira, 16 abril 2024

Empresário que matou a mulher tem pena aumentada

A ampliação ocorre 19 anos após crime, devendo ser cumprida em regime fechado  

A estilista Fernanda Orfali foi morta pelo marido, o empresário Sergio Nahas, seis meses após o casamento – Arquivo pessoal

A Justiça de São Paulo aumentou de sete para 8 anos e 2 meses, em regime fechado, a pena do empresário Sergio Nahas, condenado por matar a mulher em setembro de 2002. Julgado em novembro de 2018, ele havia sido sentenciado a sete anos em regime semiaberto. O aumento da pena foi deferido na semana passada, depois de atender a um recurso da acusação,

Desta vez, o Tribunal de Justiça de SP entendeu que a pena deveria ser acima do mínimo, em virtude das circunstâncias do crime. Segundo o assistente da acusação, Ricardo Takamune, “houve o reconhecimento de uma forma gravosa do delito”. “O assassinato aconteceu em um dos cômodos da residência do casal, local em que a vítima deveria se sentir segura”, diz.

A defesa entrou com embargos de declaração, alegando contradições e omissões. “Não há nada nos autos que comprove que Sergio Nahas puxou o gatilho. Elementos indicam o suicídio”, diz o advogado Eugênio Malavasi.

Entenda o caso

A estilista Fernanda Orfali estava casada com Sérgio Nahas havia seis meses, quando foi morta no apartamento onde o casal morava, em Higienópolis, bairro nobre na região central de São Paulo. Nahas teria puxado o gatilho quando Fernanda descobriu a relação dele com travestis — de quem comprava cocaína. A bala ricocheteou na coluna vertebral dela e atingiu seu coração. A estilista tinha 28 anos e Nahas, 38.

Durante 16 anos, a defesa interpôs inúmeros recursos, a maior parte considerada protelatória. O primeiro júri havia sido marcado para os dias 8, 9 e 10 de novembro de 2017, mas acabou adiado.

Na véspera do feriado de Finados, imediatamente antes do julgamento, a defesa encaminhou ao Tribunal de Justiça um parecer em que reforçava a argumentação de que a vítima sofria de depressão e por isso se matou. “Ela tem um histórico da doença, sempre frequentou psiquiatras”, sustentou a advogada Dora Cavalcanti.

Familiares de Fernanda afirmam que ela nunca foi a um psiquiatra até se casar. “A Nanda era a pessoa mais alegre da casa, fazia brincadeira de tudo, não consigo nem imaginá-la tentando se matar”, diz o irmão dela, Júlio Orfali.

A mãe, Nadir, conta que o pai de Sérgio, José Nahas, “providenciou um psiquiatra para acompanhar o filho no período de abstinência, e outro para ajudar Fernanda a conviver com um marido viciado”.

Segundo Nadir, o psiquiatra de sua filha era conhecido de José Nahas da igreja Ortodoxa e “encheu a Nanda de antidepressivos”. Ainda se apresentou mais tarde como testemunha de defesa de Sérgio e depôs durante quatro horas, diz Julio Orfali.

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