Pesquisa do Instituto Datafolha ouviu 3.666 brasileiros em 191 municípios entre os dias 13 e 16 de dezembro
Nas famílias que recebem o Auxílio Brasil, programa social que substituiu o Bolsa Família, são 39%, ante 22% entre aquelas que não se enquadram no benefício destinado aos mais pobres.
O patamar mais elevado de pessoas afetadas pela falta de comida é encontrado no Nordeste (35%). Nas demais regiões do país, varia de 21% a 25%. Entre as pessoas que estão desempregadas, mas à procura de emprego, 45% afirmaram não ter comida suficiente. Entre os que desistiram de encontrar uma ocupação, são 34%.
Por outro lado, estão abaixo da média os empresários (9%), estudantes (13%) e funcionários públicos (15% afirmaram não ter comida suficiente).
Também se destacam os 34% entre pessoas que votariam no ex-presidente Lula (PT) em 2022 e os 12% entre os que pretendem votar em Jair Bolsonaro (PL). A pesquisa foi realizada de 13 a 16 de dezembro, com 3.666 brasileiros em 191 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.
O levantamento também mostra que 15% dos brasileiros deixaram de fazer alguma refeição nos últimos meses por não ter comida em casa. O número sobe para 23% entre as famílias com renda mensal de até dois salários mínimos. Nas demais faixas, varia de 3% a 6%.
Nas famílias que recebem o Auxílio Brasil, 26% deixaram de fazer alguma refeição. São 11% entre aquelas que não se enquadram no benefício. Por região, os maiores percentuais de pessoas afetadas estão no Centro-Oeste/Norte (20%) e Nordeste (17%). Os menores, no Sul (13%) e Sudeste (11%).
Por ocupação, se destacam os desempregados à procura de emprego (30%) em um extremo e empresários (3%) de outro. O número chega a 17% e 15%, respectivamente, entre pardos e pretos. São 11% entre os brancos. Entre os apoiadores de Lula, 19%. Entre os que pretendem votar no atual presidente, 8%.
Ainda segundo o Datafolha, 89% dos entrevistados disseram que, nesse período de pandemia, o número de pessoas que passam fome no Brasil aumentou. Essa percepção é predominante independentemente do perfil econômico e social do entrevistado ou da região em que ele mora.
Os patamares mais baixos nos recortes por perfil foram encontrados entre empresários (81% avaliam que a fome aumentou), pessoas que afirmaram ter comida mais que suficiente para a família (79%), entrevistados com preferência pelo PL, partido de Bolsonaro, ou que votariam no presidente em primeiro turno 2022 (74% em ambos os casos). Entre os que avaliam o governo como ótimo/bom, 73% dizem que a fome aumentou.
Aumento do desemprego, queda na renda e alta da inflação estão entre os fatores que são apontados como responsáveis pelo aumento da fome durante a pandemia. Houve ainda grande oscilação em relação aos programas sociais do governo, com introdução do auxílio emergencial de até R$ 1.200 no ano passado e a substituição do Bolsa Família.