quinta-feira, 28 novembro 2024

Guedes diz que não há descontrole da inflação

Para o ministro da Fazenda, com índice de 8%, Brasil está ‘no jogo’

Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, nega descontrole da inflação – Washington Costa/MDIC

O ministro Paulo Guedes (Economia) disse nesta segunda-feira (23) que não há descontrole da inflação no país. Estimativas de analistas do mercado financeiro, divulgadas pelo Banco Central, apontam que o IPCA (índice oficial de inflação) deverá superar 7% neste ano.

Em evento virtual com empresas do varejo brasileiro, Guedes disse que, quando a inflação “sobe um pouco”, há afirmações de que os preços estão se elevando de forma descontrolada.

“Não há descontrole. A inflação está subindo no mundo inteiro”, afirmou. O ministro citou que a inflação nos Estados Unidos deve ser de aproximadamente 7%. “A nossa ser 7% ou 8% também; estamos dentro do jogo”, completou.

Guedes declarou que o Banco Central vai atuar para enfrentar a inflação. “Temos que ter confiança nas nossas instituições.” Ele voltou a dizer que há uma disputa política no país, mas que, em relação aos fundamentos econômicos, há avanços.

“É verdade que tem mais inflação, mas também tem mais crescimento, então tem mais arrecadação e menos déficit, porque nós estamos controlando as despesas. Então não vamos cair na tentação de transformar essa politização, antecipando as eleições, num diagnóstico de que o Brasil tem um colapso econômico, porque não é verdade”, afirmou o ministro.

Ele destacou que dados como o de consumo de energia e de combustível sinalizam o vigor da atividade e que os fundamentos estão melhorando, inclusive do lado fiscal, em que apontou queda de despesas e a “explosão” da arrecadação, incluindo o número de julho que será divulgado nesta semana.

“É importante não nos deixarmos abater pelos pessimistas, não deixarmos nos abater pelos que estão politizando. Primeiro subiram em cadáveres para fazer política, agora que a vacinação em massa está avançando estão criando crises também, uma atrás da outra, só enfatizam o que está dando errado”, disse.

“Ora, não podemos ser negacionistas em matéria econômica. Se o Brasil está crescendo 5,5%, se os investimentos estão aumentando, alguma coisa certa deve estar acontecendo também.”

Guedes disse que, depois de errarem ao prever que a economia cairia perto de 10% em 2020 e ao duvidarem da recuperação em V, os críticos também falharão ao estimar que a economia não crescerá no ano que vem.

“O Brasil vai mais uma vez desmentir as previsões dos pessimistas”, disse, destacando que o país poderá crescer em 2022 em patamar semelhante ao deste ano. Guedes voltou a chamar o aumento das despesas com precatórios (dívidas reconhecidas na Justiça) de “meteoro”.

Segundo ele, a proposta de parcelar o pagamento dessas dívidas tem apoio de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), pois a medida não é uma inovação. “Não inventamos nada”, disse o ministro, citando que estados e municípios já podem parcelar precatórios.

O governo enviou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) pedindo o parcelamento das dívidas já em 2022. O forte aumento dessas despesas pressiona o Orçamento e o cumprimento do teto de gastos — regra que limita o crescimento das despesas à inflação— no próximo ano.

“Ou eu violo o teto, ou eu parcelo precatório, ou eu faço um pouco dos dois, mas na verdade eu preciso de uma PEC que nos ajude a transitar por esse problema. É um problema de equacionamento relativamente simples”, declarou.

Alinhamento à pauta econômica

Na apresentação durante o evento virtual, Guedes disse acreditar que o Senado irá se alinhar à pauta econômica do governo. Para ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a Câmara apoiam as reformas econômicas.

“O Senado também tem um papel decisivo nessas reformas, mas está cumprindo outra agenda, que é a da Covid, a da CPI. Em algum momento, vai se engajar nessa agenda das reformas. Tenho certeza que o Senado virá conosco”, afirmou.

O ministro disse ainda que atores políticos de todos os Poderes que tenham cometido excessos devem reavaliar suas posições e que o momento é de o país se unir em torno de uma agenda positiva centrada em reformas e vacinação.

“Se um juiz está cometendo excesso é melhor reavaliar. Se o próprio presidente, nessa ânsia também, nessa caçada que ele tem sofrido, tiver cometido algum excesso, é um homem democrata”, afirmou.

Ele elogiou a atuação pró-reforma do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), mas questionou a posição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que, segundo Guedes, se voltou à agenda política da CPI da Covid-19 em detrimento das reformas.

“Estão até lançando já o presidente do Senado como candidato [presidencial]”, disse Guedes, acrescentando que considera o movimento “um pouco ante da hora”.

“Se começarmos agora a aprovar Bolsa Família fora do teto, precatório fora do teto, vamos começar a aprovar um monte de coisa desse tipo, eu não sei o que vai acontecer, acho que o candidato já começaria com o pé trocado”, disse, ressaltando que os candidatos à Presidência precisam ser comprometidos com as reformas.

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