PM invadiu a cela, agrediu e ameaçou o ex-governador do Rio de Janeiro
O MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou um policial militar sob a acusação de ter torturado o ex-governador do estado Anthony Garotinho na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, zona norte da capital fluminense. Segundo a promotoria, o PM bateu em Garotinho “com um bastão semelhante a um taco de beisebol” e o ameaçou de morte.
O caso aconteceu na madrugada — por volta de 1h50 — de 24 de novembro de 2017. De acordo com o MP, o PM Sauler Campos de Faria Sakalem invadiu a cela ocupada por Garotinho com o bastão nas mãos e uma arma de fogo na cintura, ordenando que o ex-governador descesse da cama.
Depois, disse que Garotinho “gostava de falar muito” e o golpeou com o bastão no joelho. Sakalem ainda sacou a arma da cintura e falou ao ex-governador: “Só não vou te matar para não sujar para o pessoal aqui do lado”, em referência aos outros presos.
Ainda segundo o MP, as lesões praticadas pelo PM em Garotinho foram comprovadas por meio de um “vasto acervo documental”, disponibilizado no inquérito policial instaurado para apurar a agressão. Entre os relatórios, estão o exame de corpo de delito realizado no ex-governador e fotografias.
Sakalem foi denunciado por infringir o artigo 1º, inciso II, da lei nº 9.455/97 — “submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”. A pena prevista é de reclusão de dois a oito anos.
À época, Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho foram presos pela Polícia Federal por suspeita de financiamento ilegal de campanha e cobrança de propina. A reportagem não localizou a defesa do PM Sauler Campos de Faria Sakalem para que se manifeste sobre a acusação.
