segunda-feira, 6 maio 2024

‘Novo Cangaço’: noite de terror e pânico no maior assalto de Santa Catarina

Com ação de pelo menos 30 criminosos, dez automóveis e armamento pesado de calibre exclusivo das Forças Armadas, o assalto ao Banco do Brasil que levou pânico a moradores de Criciúma (SC), entre a noite da última segunda-feira (30) e a madrugada de ontem, já é considerado o maior do tipo na história do Estado. Um policial e um vigia foram baleados.

Os criminosos atacaram o 9º Batalhão da Polícia Militar da cidade com tiros nas janelas, bloqueio na saída com um caminhão em chamas e explosão acionada por celular. “Uma ação sem precedentes”, disse o tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, comandante do batalhão. A ação durou cerca de duas horas.

A quadrilha fortemente armada causou pânico na cidade. Vídeos nas redes sociais mostram os assaltantes circulando em comboio por Criciúma e também a pé, encapuzados.

Além de rajadas de tiros, os criminosos fizeram barricadas com carros, espalharam explosivos e usaram reféns como escudo para evitar a aproximação de policiais. Segundo a polícia, os reféns foram soltos. Os bandidos fugiram com uma soma não divulgada em dinheiro. “Já estou aqui no paço municipal depois de termos vivido uma verdadeira noite de terror. Infelizmente tivemos um policial alvejado e um vigia também atingido. Agora o prefeito da cidade pede que vocês voltem ao seu local trabalho. Vamos deixar a polícia fazer o papel da polícia”, disse Clésio Salvaro (PSDB), prefeito.

“Já começamos o trabalho de investigação para afirmar que é o maior roubo em proporções em Santa Catarina”, disse o delegado Anselmo Cruz. “A mobilização dos criminosos nesta madrugada é algo inédito no estado, pelo tamanho da ação.” Para ele, o assalto foi “cinematográfico”.

O Banco do Brasil informou ao jornal Folha de S. Paulo que não se manifestará sobre os valores roubados e disse que não houve nenhum funcionário ou colaborador ferido.

Em nota, o banco chamou a ação do tipo “Novo Cangaço” – termo cunhado no início dos anos 2000 em referência às quadrilhas de dezenas de bandidos que invadiam municípios do sertão nordestino para assaltar bancos e carros-fortes, em ações semelhantes ao modus operandi dos cangaceiros que aterrorizaram o Nordeste no início do século 20, como o bando de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso “Lampião”.

“Já temos absoluta certeza que se trata de uma ação planejada com vários meses de antecedência”, disse o delegado Anselmo Cruz.

Na manhã de ontem, órgãos de segurança retiraram material explosivo que permaneceu no local.

Segundo Cruz, a polícia suspeita que o crime tenha sido planejado por criminosos de São Paulo, que não são ligados a facções.

Polícia prende 4 que recolheram dinheiro espalhado

A Polícia Militar de Santa Catarina prendeu quatro pessoas que recolheram dinheiro espalhado pelas ruas após o mega-assalto ao Banco do Brasil em Criciúma (SC). Segundo a polícia, as pessoas recolheram R$ 810 mil que fi caram no chão após as explosões dos cofres.

O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), se reunirá com os órgãos de segurança em Criciúma.

De acordo com o comandante-geral da PM, coronel Dionei Tonet, equipes especializadas como o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Choque, Batalhão de Aviação, Canil e Policia Militar Rodoviária Estadual atuarão no caso.

Os assaltantes ainda não tinham sido localizados até a conclusão desta edição.

Ações semelhantes ocorreram nos últimos meses em cidades do interior de São Paulo, como Araraquara, Botucatu e Ourinhos.

‘Achei que fossem fogos de Natal’, relata moradora

Moradores que residem próximos à agência central do Banco do Brasil, em Criciúma (SC), viveram momentos de tensão na madrugada de ontem, durante o mega-assalto ao Banco do Brasil.

Ao menos 30 bandidos fortemente armados participaram da ação, que durou quase três horas. Uma moradora entrevistada pela reportagem relatou ter ouvido duas horas de intenso tiroteio. Os tiros puderam ser ouvidos a quilômetros de distância, em outras regiões da cidade.

“Quando ouvi os primeiros tiros, na minha inocência, achei que eram fogos de Natal”, relatou a mulher, que não pediu para não ter sua identidade revelada. Ela mora na Praça do Congresso, a cerca de 300 metros da agência bancária.

No grupo de WhatsApp do prédio onde ela mora, a recomendação foi que todos apagassem as luzes para não chamar a atenção dos criminosos, que já tinham tomado conta da área, com barricadas.

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