terça-feira, 24 junho 2025

Pandemia reduz aprendizado em toda a educação básica

Fechamento das escolas provocou regressão a patamares de 2013  

PERDA | Alunos brasileiros ficaram dois anos sem aulas presenciais devido à pandemia (Foto: Agência Brasil)

O fechamento das escolas por causa da pandemia de coronavírus resultou em uma queda de aprendizado dos alunos de escolas públicas e privadas em todas as etapas da educação básica, mostram os resultados de avaliação federal realizada em todo o país em 2021. Os dados foram divulgados nesta sexta (16).

Considerando as redes pública e privada, a maior perda ocorreu em matemática no 5º ano do ensino fundamental, cuja nota na avaliação passou de 227,88 em 2019 para 216,85 pontos em 2021. O resultado representa um regresso ao patamar de 2013. Segundo os resultados, 38,9% dos estudantes chegaram a essa série sem conseguir, por exemplo, identificar figuras geométricas como um triângulo ou círculo. Em 2019, eram 30,3% alunos nesse patamar.

A queda interrompeu uma tendência de melhoria experimentada desde 2005, início da série histórica do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Na rede pública, a queda foi de 12,36 pontos (passando de 222,41 para 210,05). Essa perda equivale ao aprendizado de um ano, segundo a escala da avaliação.

Com essa pontuação, um aluno do 5º ano não conseguiria converter mais de uma hora inteira em minutos. Em língua portuguesa, o impacto na aprendizagem foi menor no 5º ano. O resultado total do país passou de 214,64 para 208,01, o que representa um recuo de 6,63 pontos -ou meio ano de aprendizado.

O professor da USP Ocimar Alavarse destaca que há de se ter uma preocupação especial com a questão de leitura, que é fundamental para a obtenção de outros conhecimentos.

“Provavelmente, essa geração está no 6º ano, onde entram vários professores e disciplinas e, pela própria característica da etapa, os alunos recebem menos atenção”, diz ele. “Os resultados chegam só agora e há necessidade de um acompanhamento especial”.

O Saeb compõe o principal termômetro da educação brasileira. A aplicação é feita a cada dois anos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação.

A avaliação, que envolve provas de português e matemática, compõe um indicador chamado Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), ao combinar resultados de aprovação escolar. Como na pandemia as redes de ensino seguiram orientação de não reprovar os alunos, os dados do Ideb ficaram prejudicados, indicando um comportamento artificial de melhora.

O Brasil foi um dos países com maior tempo de escolas fechadas no mundo. Foram quase dois anos letivos sem aulas presenciais. A oferta de ensino remoto foi desigual pelo país.

Nos anos finais do ensino fundamental (9º ano), a queda em matemática foi menor, de 6,52 pontos (passando de 265,16 para 258,64) quando consideradas também escolas públicas e privadas. 

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