sexta-feira, 22 novembro 2024

PF está dividida e sem controle, analisam ministros de Bolsonaro

A operação deflagrada nesta quarta (19) contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e outros integrantes da pasta é uma demonstração de que a indicação do delgado Paulo Maiurino como diretor-geral da Polícia Federal dividiu a corporação e jogou uma parte de seus integrantes contra o governo. A avaliação é de ministros de Jair Bolsonaro e de assessores do governo.

Eles acreditam que não é pura coincidência que a operação ocorra contra um dos ministros mais identificados com Bolsonaro -e bem no dia do depoimento do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid, que já trará desgastes para o presidente.

A investigação contra Salles começou em janeiro, segundo a PF. A operação desta manhã foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, como revelou o jornal Folha de S.Paulo.

Os integrantes somam à investida contra Salles o pedido feito na semana passada pela PF para investigar o ministro do STF (Supremo Tritunal Federal) Dias Toffoli, que é considerado um magistrado próximo de Bolsonaro.

Neste caso, o STF indeferiu e proibiu a PF de investigar Toffoli.

Maiurino teria um perfil político que descontentaria delegados da PF que se opuseram à sua indicação, formalizada em abril.

Ele já foi chefe da segurança do STF (Supremo Tribunal Federal) e é próximo do ministro Dias Toffoli. Foi também assessor especial de segurança do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Humberto Martins e trabalhou em governos estaduais.

No governo de Wilson Witzel no Rio, Maiurino foi membro do Conselho de Segurança Pública do estado. Na gestão de Geraldo Alckmin em São Paulo, foi subsecretário de Segurança Pública. Também foi assessor especial da Secretaria de Segurança na gestão de Agnelo Queiroz.

Como antecipado pela Folha de S.Paulo, a PF deflagrou nesta manhã uma operação de busca e apreensão em endereços de Salles e no Ministério do Meio Ambiente.

Ela tem como objetivo, segundo a PF, apurar crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando que teriam sido praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.

Salles já tinha sido denunciado ao STF pelo delegado Alexandre Saraiva, da superintendência da PF no Amazonas. O policial tinha enviado uma notícia contra ele à Corte em 14 de abril por “causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública”.

Um dia depois. Saraiva foi afastado do cargo. Nesta manhã, ele comemorou no Twitter a operação contra Salles.

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