sexta-feira, 10 maio 2024

Prescrições médicas e vendas de cloroquina disparam na pandemia

A prescrição médica de cloroquina e hidroxicloroquina disparou neste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus. O levantamento foi feito pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia).

Nos primeiros cinco meses de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 676,89% para a cloroquina e 863,34% para a hidroxicloroquina.

A cloroquina passou de 238 para 1.849 prescrições nos cinco primeiros meses deste ano. Já a hidroxicloroquina saltou de 1.978 para 19.055 em 2020.

O levantamento teve como base a plataforma Memed, usada por médicos para fazer prescrição digital ao paciente. No ano passado, o sistema contava com 60 mil médicos cadastrados. Neste ano, a plataforma tem 120 mil profissionais.

Assim como a prescrição, a venda disparou nas farmácias do Brasil.

Houve aumento de 49% na comercialização da hidroxicloroquina de janeiro a junho deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Foram 462.722 unidades em 2019 ante 693.206 em 2020.

Por causa da alta das vendas, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu, em março deste ano, enquadrar a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial.

Outros dois medicamentos passaram a ser de controle especial durante a pandemia: a nitazoxanida e o vermífugo ivermectina.

A partir da mudança, a entrega ou venda desses quatro medicamento nas farmácias e drogarias só pode ser feita para pessoas com a receita especial, para que uma via fique retida no estabelecimento e outra com o paciente.

Todos os medicamentos têm sido amplamente divulgados para auxiliar no combate ao novo coronavírus, embora ainda não existam estudos conclusivos sobre eficácia.

Wellington Barros, consultor do CFF, disse que é preocupante o crescimento das vendas.

Segundo ele, tanto prescrições médicas como automedicação acabam ocorrendo de maneira não muito prudente em razão da pressão social.

“O fenômeno do que está acontecendo é chamado de medicalização social; ele se potencializa em momentos de emergência em saúde pública diante das preocupações e ansiedade da população”, disse.

Para Barros, o farmacêutico precisa desempenhar um papel de educador, auxiliando o paciente a procurar um médico, alertando sobre os riscos e dosagens dos medicamentos. Já quando há prescrição, o profissional deve garantir a qualidade e a segurança.

Durante a venda da hidroxicloroquina, por exemplo, é importante saber se o paciente está em uso de algum medicamento. Dependendo de qual remédio for, será preciso entrar em contato com o médico ou pedir para que o cliente volte ao consultório.

Segundo Barros, a checagem é importante porque o paciente pode, por alguma razão, não ter informado o uso dos medicamentos ao médico.

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