sábado, 23 novembro 2024

Resultado final de eleição americana ainda pode levar dias ou semanas

Mesmo no quarto dia da apuração de votos nos Estados Unidos, a confirmação de um resultado definitivo – que pende desde a quarta-feira (4) para a vitória de Joe Biden – ainda pode demorar. 

Como o país não tem um órgão central para contar as cédulas e definir o placar, essa tarefa fica a cargo dos veículos de imprensa e dos estados, que têm prazos diferentes para entregar os números. E os estados com o poder de definir o pleito têm muito tempo nas mãos. 

Na Pensilvânia, que tem 20 delegados no Colégio Eleitoral e pode selar a vitória de Biden, o democrata tinha ontem 14.541 votos a mais que Donald Trump, ou 0,2 ponto percentual. Com 96% das cédulas contadas, o estado calculava que ainda faltava incluir 100 mil votos vindos do correio e outros 100 mil votos provisórios – aqueles que ainda precisam ser validados, seja porque o eleitor não se registrou previamente ou porque teve algum problema ao depositar a cédula num ponto de entrega. Esse tipo de voto tem vindo em maior volume de condados republicanos. 

Não bastasse isso, a legislação na Pensilvânia exige uma recontagem caso a margem de diferença seja igual ou inferior a meio ponto percentual, o que é uma hipótese quase certa. O responsável pela contagem afirmou que o processo pode durar “vários dias”. 

Na Geórgia, a recontagem já está prevista. O estado, que vale 16 delegados no Colégio Eleitoral, tinha ontem a menor diferença entre Biden e Trump – apenas 4.175 votos, ou 0,1 ponto percentual. Ao todo, 99% das cédulas já tinham sido contadas, mas faltava incluir 9 mil votos de militares e americanos que vivem no exterior. Assim, o processo pode levar semanas até chegar a um resultado definitivo. A data limite estipulada é 20 de novembro. 

Já Nevada, que vale 6 delegados no Colégio Eleitoral, deixou claro que os votos por correio só terminarão de ser contados no domingo (8). Biden tinha vantagem de 22.657 votos no estado, ou 1,8 ponto percentual, com 93% das cédulas apuradas. 

O responsável pela apuração no condado de Clark, onde fica Las Vegas, disse diversas vezes à imprensa que seu objetivo “não é agir com rapidez”, mas com precisão. Como muitas das cédulas tiveram erro ao serem processadas, o estado só terá a contagem de 100% dos votos na próxima quinta-feira (12). 

Para fechar, o Arizona ainda precisa contar entre 250 mil e 270 mil cédulas, segundo o governo. Não se sabe quando isso será feito. A vantagem do democrata, de 39.070 votos ou 1,3 ponto percentual, diminuiu nos últimos dias, mas se manteve. Ele também vale 6 delegados e precisaria ser ganho junto com Nevada para confirmar Biden como presidente. 

TRUMP: ‘ESSA ELEÇÃO NÃO ACABOU’ 

A campanha do presidente Donald Trump divulgou um comunicado nesta sexta (6) no qual afirma que a eleição americana “ainda não acabou” e que uma “falsa projeção de vitória de Joe Biden” se baseia nos resultados das apurações de quatro estados decisivos que “estavam longe de terminar”. 

“Geórgia está indo para uma recontagem, onde estamos confiantes de que vamos encontrar cédulas indevidamente colhidas, e onde o presidente Trump acabará por prevalecer. Houve muitas irregularidades na Pensilvânia. Em Nevada, parece haver milhares de indivíduos que indevidamente lançam cédulas de correio. Finalmente, o presidente está a caminho de ganhar o Arizona, apesar da irresponsável e errônea chamada de vitória de Biden”, afirma a nota. “Biden está se baseando nesses estados para sua falsa reivindicação da Casa Branca, mas quando esta eleição acabar, o presidente Trump será reeleito”, completa o texto.  

PROTESTOS DE MULTIPLICAM EM TODO OS EUA 

O cenário polarizado na disputa entre Donald Trump e Joe Biden vai além das cores no mapa eleitoral. Em várias cidades, milhares de pessoas estão nas ruas com pautas que incluem a interrupção da contagem de votos (no caso de apoiadores dos republicanos) ou sua continuidade (entre os democratas). 

PROTESTOS | Apoiadores de Biden diante da Casa Branca (Foto: Julia Mineeva | TheNews2 | Folhapress)

Em Portland, ao menos 11 pessoas foram presas e a polícia apreendeu fogos de artifício, martelos e um fuzil. Em Nova York, a polícia prendeu cerca de 60 pessoas durante protestos em Manhattan. Em Detroit, a maior cidade do Michigan, um grupo se posicionou do lado de fora de um centro de apuração de votos exigindo parada do processo. Na Pensilvânia, grupos pró-Biden e pró-Trump se manifestaram em frente a um centro de apuração na Filadélfia. 

Em Washington, uma procissão de carros e bicicletas circulou em protesto contra o “ataque ao processo democrático” orquestrado por Trump. 

Mais de 100 eventos estão programados no país até hoje (7). 

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