terça-feira, 23 abril 2024

SP vai atrasar entrega do restante de lote da CoronaVac para Ministério da Saúde

Presidente do Butantan diz que não vai cumprir cronograma pelo desinteresse da Saúde na vacina para dose reforço  

O governo de São Paulo e o Instituto Butantan entregaram um novo lote de dez milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde na manhã desta segunda-feira (30), chegando assim a um total de 92,85 milhões de doses destinadas à campanha de vacinação nacional contra Covid-19.

O quantitativo se aproxima do total de 100 milhões de doses que faz parte do acordo do instituto com a pasta, embora não tenha conseguido cumprir a previsão de completar o quantitativo até o dia 30 de agosto, como havia sido prometido pelo governo paulista. Restam 7,15 milhões de doses a serem entregues à pasta.

Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, o Butantan não vai entregar essas doses faltantes até amanhã. Esse lote deve ser enviado até o final de setembro. O motivo da nova previsão, ainda segundo Dimas Covas, foi a “manifestação do Ministério da Saúde que exclui a CoronaVac como a vacina para terceira dose”.

“Estamos reprogramando porque temos outros contratos para serem previstos, com outros estados e até mesmo outros países, e, portanto, não vamos finalizar a entrega do montante de 54 milhões [previstos no segundo acordo feito com o Ministério da Saúde, totalizando assim 100 milhões] até o final de agosto”, disse Covas, em uma entrevista aos jornalistas na manhã desta segunda-feira.

As doses serão encaminhadas ao PNI (Programa Nacional de Imunizações), para serem distribuídas proporcionalmente aos estados. Ainda de acordo com o diretor do Butantan, há mais 13 milhões de doses da Coronavac já em processamento no instituto e que as próximas liberações de lotes serão quase diárias.

A disputa entre o governo paulista e a pasta da saúde teve início em setembro de 2020, quando o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, firmou um acordo com o instituto paulista para compra de 46 milhões de doses da Coronavac.

No dia seguinte, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou o ministro e escreveu em suas redes sociais que “não teremos vacina chinesa do Doria”. “NÃO SERÁ COMPRADA”, escreveu o presidente, com letras maiúsculas.

Após o ocorrido, o governo federal e o Instituto Butantan tiveram idas e vindas nas tratativas para compra da CoronaVac. Foi só em 16 de dezembro de 2020 que a pasta da saúde anunciou a intenção de compra de doses da Coronavac. Segundo Covas, esse atraso em firmar o acordo inicial também pesou na decisão de cumprir ou não o cronograma de entrega neste momento.

“Em dezembro o Butantan tinha seis milhões de doses para entregar ao Ministério da Saúde, prontas; poderíamos ter começado a vacinação em dezembro do ano passado. Isso começou com uma resistência à vacina. Vamos ser os primeiros a cumprir o contrato de 100 milhões de doses antes do final de setembro, mas com essa nova realidade, porque o Ministério [da Saúde] tem dado notícias todos os dias no sentido de descaracterizar, descredenciar a Coronavac, então vamos repensar [essa entrega]”, afirmou.

A CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e fabricada no Butantan, teve sua autorização para uso emergencial aprovada no dia 17 de janeiro deste ano pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mesmo dia em que foi dado o aval para a vacina Covishield, da Oxford/AstraZeneca, fabricada na Fiocruz.

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