sexta-feira, 26 abril 2024

MP diz que porteiro deu informação falsa ao citar Bolsonaro no caso Marielle

A promotora Simone Sibilio, do Ministério Público do Rio de Janeiro, afirmou em entrevista a jornalistas na tarde desta quarta-feira (30) que o porteiro que cita Jair Bolsonaro em seu depoimento deu uma informação falsa. Inicialmente, ela afirmou que o funcionário mentira. Em seguida, declarou que o depoimento “não guarda compatibilidade com a prova técnica”. 

“O porquê do porteiro ter dado depoimento será investigado. Se ele mentiu, se equivocou ou esqueceu”, disse Sibilio. 

Reportagem do Jornal Nacional desta terça-feira (29) teve como base depoimento de um porteiro do condomínio onde o presidente tem casa no Rio. 

Segundo a TV Globo, o funcionário disse que, no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco, o ex-policial militar Élcio Queiroz, suspeito de envolvimento na morte, disse na portaria do condomínio que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal. 

Segundo o depoimento do porteiro apresentado pela emissora, o suspeito pediu para ir à casa de Bolsonaro e um homem com a mesma voz do presidente teria atendido o interfone e autorizado a entrada. O acusado, no entanto, teria ido em outra casa dentro do condomínio. 

A promotora afirmou nesta quarta-feira que a investigação teve acesso à planilha da portaria do condomínio e às gravações do interfone e que restou comprovado que o porteiro interfonou para a casa 65 e que a entrada de Élcio foi autorizada por Ronnie Lessa, com quem se encontrou. 

O Ministério Público disse que o porteiro pode ter anotado que Élcio foi para a casa de Bolsonaro por vários motivos e que eles serão apurados. “Todas as pessoas que prestam falso testemunho podem ser processadas”, disse a promotora Sibilio. 

Questionada em seguida, a promotora disse que o porteiro pode ter se equivocado. Reiterou que o depoimento dele não bate com a prova técnica, que comprovou que é a voz de Ronnie Lessa que autoriza a entrada de Élcio Queiroz às 17h07. 

Nesta quarta-feira, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, publicou vídeo, segundo ele gravado na administração do condomínio, no qual apresenta dados conflitantes com os apresentados na reportagem da Globo. 

Por volta das 17h de 14 de março de 2018, dia do assassinato de Marielle, foi feita uma solicitação de entrada, por uma pessoa de nome Élcio, mas para a casa de Ronnie Lessa, e não para a de Bolsonaro. No vídeo, Carlos reproduz a ligação registrada às 17h13. O porteiro anuncia a chegada do “senhor Élcio”. A voz do outro lado, diferente da de Jair Bolsonaro, responde: “Tá, pode liberar aí”. De acordo com o Ministério Público, a planilha de entrada no condomínio não foi apreendida no dia da prisão de Lessa e Queiroz, em março. A promotora Carmen Carvalho afirmou que a polícia não recolheu o material porque não havia registro de entrada para a casa 65. 

“A busca era direcionada ao Lessa e não havia entrada para a casa 65 [na planilha]”, disse Carvalho. A promotora Simone Sibilio afirmou que a polícia não sabia em março que havia um sistema de gravações entre a portaria e os moradores. “Gravação não é comum. Nem moradores sabiam que existia”, disse Sibilio. 

VÍDEO 

Ainda em viagem pela Ásia, Bolsonaro acusou o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), de “conduzir” o processo do assassinato da vereadora Marielle para prejudicá-lo. Ele afirmou que Witzel falou com ele sobre o assunto semanas atrás em um evento no Clube Naval do Rio de Janeiro, apesar do processo correr sob segredo de Justiça. “Ele sabia do processo que estava em segredo de Justiça”, disse o presidente da República. 

O presidente fez uma transmissão ao vivo em suas redes sociais para rebater a matéria do Jornal Nacional. 

Ele afirmou ainda que está aguardando a direção da TV Globo convidá-lo para uma entrevista no Jornal Nacional ao vivo sobre o assunto. “Se é que alguém tem caráter na cúpula da Globo. Divulgar uma matéria mentirosa para atrapalhar o Brasil aqui [na Arábia Saudita]. Acabou a mamata da TV Globo”, disse Bolsonaro. 

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