quinta-feira, 25 abril 2024

Tumulto em funeral de general iraniano deixa ao menos 56 mortos

Uma confusão durante o funeral do general Qassim Suleimani deixou dezenas de mortos na cidade de Kerman. Segundo o site Young Journalists Club, ligado à TV estatal do país, foram ao menos 56 mortes e 213 feridos. Não foram divulgados detalhes sobre o que causou o tumulto, ocorrido em meio a um cortejo que reuniu centenas de milhares de pessoas nas ruas da cidade natal do general. Imagens mostram pessoas caídas no chão, com os rostos cobertos, enquanto equipes de resgate tentavam reanimar outros feridos. 

Devido à tragédia, o enterro do general foi adiado por algumas horas e só teve início por volta das 19h locais (meio-dia de Brasília), segundo a agência ISNA. 

Entre os mortos, 35 eram homens e 21, mulheres. Além deles, 67 feridos foram atendidos nos hospitais, de acordo com a agência estatal IRINN. 

Suleimani foi morto por um ataque dos EUA na sexta (3) no Iraque. Ele foi uma das autoridades com mais poder no Irã, e é considerado um herói no país. 

Seu corpo foi levado a várias cidades do Irã nos últimos dias, em cortejos que atraíram multidões. Em Teerã, centenas de milhares de pessoas foram ao funeral na segunda (6). O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, chorou enquanto fazia orações em frente ao caixão. 

“Nossa vontade é firme. Dizemos aos nossos inimigos que nos vingaremos e que se [atacarem novamente] incendiaremos aquilo que eles amam”, disse na cerimônia em Kerman o comandante interino da Guarda Revolucionária, Hosein Salami. 

Suleimani liderou por mais de 20 anos a força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã responsável pelo serviço de inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior. 

Próximo do aiatolá Khamenei, Suleimani era um dos nomes mais cotados para sucedê-lo no comando do país, segundo o jornal The New York Times – o líder supremo iraniano tem 80 anos. 

Para Washington, Suleimani era o idealizador da estratégia de apoiar milícias no Iraque e na Síria contra as tropas americanas. Por isso, o governo dos EUA culpava o general pela morte de até 700 militares do país nos últimos anos. 

A ação dos EUA aumentou a tensão no Oriente Médio. O Irã prometeu se vingar e disse que não respeitará mais os limites do acordo internacional pelo qual se comprometia a conter sua capacidade de enriquecimento de urânio. O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou fazer novos ataques caso haja retaliações por parte do país persa. 

TERRORISTAS 

O Parlamento do Irã aprovou nesta terça-feira (7) uma lei que designa as Forças Armadas dos Estados Unidos como “terroristas”, sinalizando uma escalada da tensão no Oriente Médio. 

A decisão do regime de Teerã ocorre em meio à expectativa de retaliação militar contra alvos dos EUA após o assassinato do general Qassim Suleimani, uma das principais autoridades do país persa, em um bombardeio americano no Iraque na semana passada. 

A medida aprovada pelos parlamentares iranianos diz que qualquer ajuda ao Exército americano “será considerada cooperação com um ato terrorista”. O texto é uma emenda a uma lei votada em abril que descreve os EUA como um país “patrocinador do terrorismo”. O Parlamento também autorizou um aporte de 200 milhões de euros (aproximadamente R$ 910 milhões) destinado ao grupo de elite da Guarda Revolucionária. 

BRASIL APOIA EUA E IRÃ PROTESTA 

Depois de apoiar a ação dos EUA contra o Irã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (7) que o Brasil manterá o comércio com o país do Oriente Médio. “Temos o comércio com o Irã e vamos continuar nesse comércio”, afirmou na saída do Palácio da Alvorada ao ser questionado sobre a decisão do governo iraniano de chamar a encarregada de negócios no Brasil para dar explicações sobre uma nota do Itamaraty. 

O governo do Irã convocou a encarregada de negócios da embaixada do Brasil no país, Maria Cristina Lopes, para reclamar da nota oficial divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores sobre o ataque que matou o general Qassim Suleimani. 

Na nota, do dia 3, o Brasil manifestou “apoio à luta contra o flagelo do terrorismo”. Segundo o Itamaraty, a conversa foi cordial. Na prática diplomática, uma convocação desse tipo é um ato de reprimenda. 

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também