A oposição na Câmara de Americana deve ser ainda menor nesta Legislatura em relação à anterior, o que fica mais evidente com a eleição à presidência da Casa, com a vitória de Thiago Martins (PV), aliado político do prefeito Chico Sardelli, do mesmo partido, por 17 votos a 2, contra Gualter Amado (Republicanos), que foi oposição na Legislatura passada.
Além de Gualter, Professora Juliana (PT) foi a única a não votar em Martins. A dupla pode ser a “oposição solitária” na Casa. Na Legislatura passada, além de Gualter, Maria Giovana, do PDT, e Professor Padre Sérgio, do PT, eram oposição constante ao governo Omar Najar (MDB).
Outros nomes, como Welington Rezende e Dr. Renato Martins, tinham postura mais neutra e em algumas ocasiões faziam coro à oposição.
Ao ser eleito presidente da Câmara para o biênio 2021/2022, Martins prometeu trabalhar com seriedade e transparência. “Vamos dar as mãos e buscar fazer o melhor pela cidade de Americana. Buscaremos trabalhar em parceria com o poder Executivo, respeitando a autonomia e independência dos poderes”.
Chico fez discurso de parceria com a Câmara: “vamos construir pontes e não muralhas”. O prefeito quer diálogo. “Nós teremos a porta da prefeitura aberta. Não queremos absolutamente nada que não seja legal”.
Maria Giovana falou com a reportagem sobre a possível redução da oposição ao Executivo no Legislativo. Para ela, na última legislatura, eram dois vereadores de oposição e mais uns dois com posição mais independente ao Executivo.
“A gente já precisava ter mais oposição ou postura independente, porque é essa a função na democracia. Quando a gente tem um Legislativo que está muito omisso ao Executivo ele perde sua função, a cidade perde. É importante questionar, tensionar os rumos das políticas públicas. Faz todos crescerem, sair da inércia muitas vezes provocada por uma visão unilateral sempre proposta pelo Executivo”, declarou.
Candidata a prefeita derrotada por Chico Sardelli (PV) por cerca de dez mil votos, Giovana se tornou presidente do PDT em Americana.
O PDT elegeu dois vereadores, Dr. Daniel e Leonora Périco. “Orientamos que fizessem decisão conjunta para manter a chapa unida. E tinham independência na votação, qual composição da Mesa entendiam ser melhor. E que não fosse com um partido que o PDT não tenha parceria, aliança, nacional e na estadual. O PV tem essa aliança”, explicou.
Giovana comentou o resultado de 17 a 2 que elegeu Martins presidente. “Me preocupa. Espero que, ao longo dos meses, aja uma postura de maior independência e que a gente consiga enxergar uma oposição. Americana vai precisar e muito que a gente questione. Pois este governo é continuação do governo Omar. Temos que estar atentos ao que já acontece e ao que precisa mudar na cidade”.
Gualter disse que sempre fez um trabalho de fiscalização, “analisando projetos e levantando os prós e contras para com a cidade, e isso me reelegeu. Os quatro primeiros anos de mandato me serviram de grande experiência para saber que falar amém para tudo que vem do Executivo é um grande erro, assim foi em administrações anteriores e hoje pagamos muito caro”.
O vereador aponta que o Legislativo tem a obrigação de analisar e aprovar tudo aquilo que beneficie a cidade “e não apenas a administração”
Professora Juliana entende que vários vereadores, apesar de terem votado em Thiago Martins, “farão o seu trabalho prezando pelos interesses da população e tendo a população com referência central na hora de discutir e votar todos projetos”.
Juliana frisa que é preciso prezar pela independência e pela harmonia quando se trata da relação prefeitura e Câmara. “Fazer política com um mandato de vereadora pressupõe dialogar e construir parcerias pontuais com grupos que divergem da nossa perspectiva política, da nossa visão de mundo, em nome de algo maior que é justamente o interesse público e a superação dos problemas vividos pelos cidadãos”.
