sexta-feira, 17 maio 2024

Americana quer revitalizar Carioba

A Prefeitura de Americana procura parceiros privados para recuperar e revitalizar o patrimônio arquitetônico de Carioba, vila operária que existia na confluência do Ribeirão Quilombo com o Rio Piracicaba, onde funcionou a primeira tecelagem da cidade. A primeira missão é restar a memória da escola do bairro. O prédio foi devastado por incêndio em 2013, e se transformou em uma ruína.

Ninguém da Administração, naturalmente, projeta a reconstrução das salas de aulas e demais dependências. Tudo virou pó. O plano é restaurar a fachada, que mal ou bem ficou de pé. Seria um alento para antigos professores e alunos, que não se conformam com a tragédia O incêndio aconteceu quando as dependências da velha escola serviam como depósito de fantasias, adereços e equipamentos de um grupo carnavalesco.

O “Carioba Jovem”, por exemplo, quer instalar na vila um centro de manifestações artísticas. Mas Giliani admite. Isso também depende de verbas privadas. O fato é que, desde 2017, fala-se em levar à vila opções gastronômicas e apresentações artísticas. As iniciativas foram isoladas, e sempre esbarraram na falta de recursos. Ou na simples falta de interesse de empresários, que poderiam investir e fazer de Carioba um polo lucrativo.

Mas acordos são possíveis. O secretário lembra do contrato firmado com a ALL/Rumo para restauro da estação ferroviária do Centro, por exemplo. E ele está certo que os empresários da cidade estão dispostos a financiar a instalação de um museu da indústria têxtil em um dos casarões remanescentes da vila original. Os recursos para as obras necessárias, segundo o secretário, podem ser captados por meio dos programas de benefício fiscal, onde o empresário pode direcionar para projetos culturais parte do imposto de renda devido.

Vila nasceu ao redor da primeira indústria têxtil da cidade

A Fábrica de Tecidos Carioba S.A., primeira indústria de Americana, foi fundada em 1875 pelo imigrante confederado William Pultney Ralston, associado aos irmãos fazendeiros Antonio e Augusto de Souza Queiroz. Na década seguinte, o complexo foi adquirido pelos irmãos ingleses Clement e George Willmot, que o ampliou, investiu em melhorias e iniciou a construção da vila operária O apogeu da fábrica aconteceu na administração da família Müller, a partir de 1902, e ela teve importância vital para o desenvolvimento da cidade.

Todos os funcionários tinham casa para morar e acesso a serviços essenciais. A partir da indústria, brotaram tecelagens por todo canto, e Americana se transformou com o tempo em em um dos mais importantes polos têxteis do continente. O setor se tornou o maior gerador e emprego e renda na microrregião.

A fábrica foi comprada pelo Grupo JJ Abdalla na época da Segunda Guerra Mundial, quando o governo brasileiro declarou guerra ao Eixo, e todos os alemães, italianos e japoneses radicados por aqui tiveram de abdicar da administração de seus próprios empreendimentos. A fábrica encerrou suas atividades em 1976. Na época, aconteceu uma série de movimentos grevistas, e a fábrica ainda começou a enfrentar a forte concorrências deconglomerados industriais gigantescos – alguns multinacionais – que se instalavam no País.

A empresa fechava as portas. A vila acabou demolida no começo dos anos 80. O grupo que administrava o conglomerado autorizou que os próprios moradores desfizessem as paredes, e usassem os tijolos removidos na construção de suas novas casas, em outros pontos da cidade. O complexo arquitetônico centenário se transformou em um enorme descampado.

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