Após problemas de falta de médicos e profissionais de enfermagem registrados na sexta-feira (17), uma nova empresa assumiu nesta segunda-feira (20) o atendimento médico na ala do coronavírus do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana.
A pedido da prefeitura, o Grupo Hygea assumiu o atendimento. Segundo a empresa, 32 médicos já foram mobilizados para garantir os plantões de cinco médicos por turno. A prefeitura ainda vai contratar profissionais de enfermagem.
“Além disso, uma equipe de quatro médicos coordenadores e um enfermeiro com expertise no atendimento aos casos de Covid-19 foi deslocada até o município para a implementação do novo contrato”, informou a empresa em nota.
O Grupo Hygea, que há três anos presta serviços de gestão de mão-de-obra médica para o município, foi convocado pela prefeitura por ter sido o segundo colocado na licitação realizada para a prestação de serviços médicos na unidade.
Em nota, a diretoria do hospital municipal informou que se reuniu com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Americana, Toninho Forti, para tratar sobre a atual situação do quadro funcional dos profissionais de saúde, “mediante recentes denúncias ao próprio sindicato”.
A nota aponta que a Fusame (Fundação de Saúde de Americana) “reconhece que a instituição enfrentou alguns problemas com a empresa que até então era a responsável pelo fornecimento de médicos para atendimento aos casos de Covid-19, o que motivou a rescisão do contrato, sendo que agora a empresa Hygea passa a prestar estes serviços”.
Outro ponto levantado pelo sindicato da categoria foi a necessidade de se aumentar a quantidade de profissionais de enfermagem. A prefeitura revelou que está em andamento processo para contratação de cerca de 15 colaboradores, entre técnicos e enfermeiros, para as próximas semanas.
“Reconheceram a defasagem de profissionais na área de enfermagem, técnico de enfermagem e médico, rescindiram contrato da empresa e prometeram que em uma semana será equacionado o problema”, disse à reportagem Toninho Forti.
Na sexta-feira (18), uma técnica de enfermagem, de 28 anos, que trabalha no hospital municipal, registrou boletim de ocorrência no 3° DP (Distrito Policial) de Americana, por volta das 18h, por conta da situação do hospital. As informações são da SSP (Secretaria de Segurança Pública).
“A declarante relatou que chegou para trabalhar e constatou que a escala de plantonistas não estava de acordo com o quadro de funcionários presentes. Segundo ela, estavam no local três técnicos de enfermagem para atender oito pacientes em estado clínico crítico e, por falta de médicos para constatar as mortes, dois corpos vítimas de casos que ocorreram pela manhã ainda não haviam sido retirados”, aponta a nota da pasta.
Ainda segundo a SSP, a técnica relatou que não se recusou a atender pacientes, mas não seria conivente com o déficit de funcionários no local. “O caso foi registrado como não criminal e a autoridade policial responsável encaminhará para as devidas providências de Polícia Judiciária”, disse a SSP.
Diretora do sindicato na área da saúde, Isabel Santos afirmou que antes do boletim de ocorrência, o sindicato havia recebido ligações de médicos e profissionais de enfermagem “dizendo não aguentar mais vivenciar a falta de médicos por 24h na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pessoas entubadas com coronavírus”.
Isabel relata que visitou o hospital na sexta (17) à noite. “Tinha dois leitos ocupados com corpos de pacientes que faleceram que ainda não podiam ser retirados pois não tinha médico para atestar o óbito. Se acontecesse uma emergência não ia poder usar os leitos. É constante, tem que ter um médico 24 horas em leitos de UTI. São pacientes críticos”, afirmou.
A diretora do sindicato disse que se deparou com os funcionários revoltados com a situação. “Nesse momento de pandemia o desgaste é muito maior. Os profissionais são seres humanos, têm família. Já exigimos em outras situações que tivessem mais médicos”, disse.
Sobre a reunião, Isabel revelou ainda que o sindicato aguarda documentação para entrar com queixa no Ministério Público e no Conselho Regional de Medicina.
“Para que isso nunca mais aconteça. Não se pode brincar com a saúde do povo. Estamos visando a segurança da população e protegendo os servidores”, comentou.
A reportagem não conseguiu contato com a empresa que fornecia os médicos antes da troca efetuada pela prefeitura.