terça-feira, 21 maio 2024

Daee planeja cultivar 300 mil mudas para compensação na barragem de Pedreira

Técnicos do Daee (Departamento de Águas Energia Elétrica) planejam cultivar 300 mil mudas nativas e compensar os prejuízos ambientais da construção da barragem de Pedreira, no Rio Jaguari, um projeto considerado essencial para o abastecimento das cidades da região. 

A estrutura – que começou a ser implantada em março – vai fazer parte de um sistema que também prevê a construção de uma segunda barragem, em Amparo. Juntas, pelas estimativas do governo, elas vão garantir água na torneira nos núcleos urbanos de toda a Bacia do Piracicaba. 

A compensação ambiental prevê árvores de espécies nativas não só no entorno da futura barragem (onde já foram plantadas 97 mil mudas), como também em outras áreas de proteção indicadas pela prefeitura de Campinas, rio abaixo. 

Com a iniciativa, o governo paulista procura responder aos protestos de grupos ambientalistas contrários à barragem. 

Para apontar as regiões do reflorestamento, a prefeitura contou com os apontamentos do Conselho Gestor da APA (Área de Proteção Ambiental) de Campinas e do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente do Ministério Público). 

O trabalho de recomposição ciliar nas APP (Áreas de Proteção Permanente) da futura barragem começou em junho. O Daee promove agora um estudo detalhado das áreas para ordenar o plantio nas novas áreas. 

Ao longo dos últimos 20 meses, foram cultivadas espécies de ingá, aroeira, pimenteira, babosa branca e maricá, num raio de 100 metros do futuro reservatório. 

VEGETAÇÃO 

Se busca privilegiar sempre a conectividade da vegetação existente. Forma de contribuir com a preservação dos processos biológicos, a manutenção da biodiversidade e a conservação dos recursos hídricos. 

O projeto de restauração florestal observa as particularidades de cada área, em função da cobertura vegetal, das características da vizinhança, das condições de solo e topografia. Todos os detalhes são levados em consideração para definir o manejo a ser adotado. 

Em setembro, na conclusão dos estudos, o projeto segue para aprovação da Cetesb e licitação de empresa de plantio. 

CRÍTICAS DE AMBIENTALISTAS 

Anunciada com festa pelo governo paulista em março, a construção das barragens de Pedreira e Amparo sofrem críticas severas de ambientalistas. Além de prever o alagamento futuro de trechos de mata preservada, os prejuízos já foram notados com o assoreamento do Rio Jaguari. 

Devido a diversos empreendimentos e ao descarte de rejeitos, especialmente da indústria de porcelana ao longo dos anos, o leito do rio, que nasce em Minas Gerais, já tinha trechos com grande acúmulo de sedimentos na região urbana de Pedreira. 

A situação se agravou com as obras, segundo integrantes do movimento Barragem.  

As chuvas fortes do começo do ano arrastaram para o leito do rio grandes quantidades de terra movimentadas por máquinas, após o desmatamento das margens do Jaguari.  

O leito virou um lamaçal no final do verão a estação, o que comprometia o abastecimento de todas as cidades que ficam abaixo. 

A ambientalista Catarina Galvão, integrante do grupo, afirmou na época que acontecia um crime ambiental em nome de uma obra que, segundo ela, é inteiramente desnecessária. 

SAIBA MAIS 

A construção da barragem de Pedreira começou em março. Com a Barragem Duas Pontes, prevista para Amparo, as obras integram o conjunto de reservatórios que vão garantir o abastecimento de 20 cidades. O investimento total será de R$ 427 milhões para as intervenções. É um projeto previsto desde 2014, quando o Estado de São Paulo enfrentou uma das maiores estiagens de sua história e, no caso da região, sacrificou principalmente as cidades que dependiam de mananciais da Bacia do Piracicaba. 

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