sexta-feira, 22 novembro 2024

‘Vai melhorar quando os trabalhadores estiverem no poder’

A estratégia do PSOL para conquistar a Prefeitura de Americana está pronta: convencer o eleitorado de que a cidade regrediu na última década, segundo o grupo, por conta de governos que deixaram de prestar serviços públicos eficientes.

Para o pré-candidato do partido à prefeitura, Adriano de Oliveira Silva, o  morador de Americana esperou dez anos para ver concluída a reforma e ampliação do hospital; espera há outros dois para ver uma licitação para as linhas de ônibus; sofre com postos de saúde fechados, ruas esburacadas e falta de servidores prestando serviços.

Confira os principais trechos da entrevista de Adriano ao TodoDia.

TodoDia – Adriano, a proposta de nossa série de reportagens é apresentar ao leitor pré-candidatos às prefeituras da região. Nomes dados como certos na corrida eleitoral e que devem ser confirmados nas convenções partidárias. Antes de mais nada, gostaríamos de conhecer a sua história de vida em Americana.

Adriano de Oliveira Silva – Nasci em Guaraci, interior paulista, e me mudei para Americana em 1982, aos 13 anos. Morava na Cidade Jardim. Hoje, moro no Parque Novo Mundo. Meu pai trabalhava como caminhoneiro e minha mãe sempre foi dona de casa. Estudei até a oitava série na Escola Estadual Professora Dilecta Ceneviva Martinelli. Fiz supletivo para concluir o Ensino Médio. Depois, fiz contabilidade no Colégio Dom Pedro. Em 2002, comecei o curso de Direito no Unisal. Cinco anos depois, fui aprovado na primeira fase do exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e me tornei advogado trabalhista.

Desde que chegou na cidade, trabalhou com quê?

Em 1985, tive meu primeiro emprego com registro em carteira, na Kron. Depois, de 91 a 97, trabalhei na Fusame. O Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi foi minha segunda casa. Em seguida, fui advogado no Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Têxteis e até hoje trabalho no setor.

Como foi seu envolvimento com a causa trabalhista?

Na Kron, eu participei pela primeira vez de um movimento organizado de classe, a greve geral dos metalúrgicos da região de Campinas. Em seguida, participei dos grupos de jovens da Igreja Católica e da Pastoral da Juventude. Ali, na paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, da Cidade Jardim, a defesa dos direitos do cidadão era um compromisso cristão. No hospital municipal, fui eleito representante dos servidores da Saúde no Sindicato dos Servidores.

Tentou cargos públicos?

Em 1996, fui candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores. Não conquistei a vaga, mas a militância continuou. Em 2004, por exemplo, atuava  junto aos professores da rede municipal. Fundamos uma associação e um sindicato específicos para a categoria. Comandamos movimentos vitoriosos. Posso dizer que o sindicalismo é um movimento que promove a defesa incondicional dos servidores municipais.

Mas você deixou o PT. A atuação sindical seguiu forte mesmo fora da legenda?

Ainda em 2016, participei da construção da Frente Primeiro de Maio. Era formada por vários movimentos sociais: partidos, sindicatos, Grito dos Excluídos, Conspiração Socialista, Marcha Mundial das Mulheres… O movimento impulsionou as manifestações de rua. Eu optei pelo PSOL a partir de 2019, e me mantive presente nos movimentos organizados recentes, como o contrário à reforma trabalhista e em defesa da Previdência.

Essa atuação história no movimento trabalhista nunca lhe garantiu espaço junto a políticos que assumiram o poder?

Em 2017, ocupei meu único cargo por indicação política: fui chefe do gabinete do vereador Padre Sérgio. Deixei o cargo e o PT, sem nunca perder a inspiração inicial: a indignação com tanta injustiça e desigualdade social, coisas que sofri na pele.

Como você vê Americana hoje?  A cidade precisa melhorar?

Até o último governo do prefeito Waldemar Tebaldi, as políticas municipais eram pautadas em saúde, educação e saneamento básico. A população que mais precisa dos serviços básicos era atendida. Depois,

a prestação de tais serviços decaíram. Hoje, a cidade vê a destruição da saúde, da educação. Sem falar no transporte público, caríssimo e de péssima qualidade. A classe trabalhadora, que mora nas periferias, está abandonada. No governo atual, a situação piorou: fecharam postos médicos e creches, demitiram professores, sucatearam o DAE, mantêm o transporte público apenas com contrato emergencial. As pessoas pagam seus impostos e não recebem os serviços.

Mas a cidade não teve avanços, na sua opinião?

Americana não funciona para quem é pobre. É uma cidade que gera riqueza para os patrões e para as famílias que controlam a política da cidade. As obras nunca acabam, há contratos emergenciais obscuros, há serviços terceirizados que não funcionam. E o povo fica à míngua: esperou dez anos para ver o hospital pronto; espera há dois anos por uma licitação das linhas de ônibus; os postos de saúde estão fechados; há ruas esburacadas e falta de trabalhadores nos serviços públicos. A cidade vai melhorar quando os trabalhadores estiverem no poder.

E como levar esta mensagem ao eleitorado?

Os trabalhadores precisam entender que precisavam fazer parte do governo, e esta é a missão que nos anima.

Você vai ter alguma ajuda para financiar a própria campanha?

Sim. Dos que acompanham nosso trabalho. Dos que acreditam em um mundo onde escolhe a música quem paga a banda. Queremos ser independentes, sem rabo preso com gente que destrói a cidade, o Estado, o País e o mundo por conta da defesa de interesses mesquinhos.

E o partido vai contar com militantes nas ruas?

A campanha é baseada no trabalho voluntário dos militantes e simpatizantes. Não temos grandes agências de marketing político, não temos dinheiro para gastar no material impresso ou com o impulsionamento das mídias digitais. Ao contrário dos  candidatos tradicionais, que têm muita forma e muita firula, nós temos é conteúdo e um projeto real.

A pandemia muda algo na estratégia?

A campanha corpo a corpo, de raiz, é muito importante numa situação de normalidade, mas as eleições têm se caracterizado pelo uso de recursos digitais. As redes sociais são importantes sim no contexto, mas o nosso programa de governo popular é que de fato  vai dialogar direto com os trabalhadores.

Já tem um secretariado pensado?

Desde o início da construção do programa de governo, temos dialogado com profissionais muito qualificados e que conhecem a realidade da nossa cidade. Alguns, inclusive, são da ativa no serviço público. Na indicação dos nomes aos cargos, vamos levar em consideração competência, histórico e compromisso de vida.

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