sábado, 27 abril 2024

Em ano atípico, F-1 abre temporada 2020

Era para ser “apenas” a temporada em que Lewis Hamilton buscaria igualar ou quebrar os principais recordes do heptacampeão Michael Schumacher na F-1. Essa busca persiste, mas o campeonato de 2020 da categoria, que começará neste fim de semana na Áustria, ganhou nos últimos meses muitas histórias a serem contadas além da busca por façanhas esportivas do piloto britânico. 

A começar por outra faceta do próprio Hamilton, que aos 35 anos tornou-se uma das vozes mais importantes do movimento antirracista no meio esportivo. 

Dos diretores da categoria aos rivais de pista, o piloto inglês tem cobrado ações para que a principal competição do automobilismo mundial seja mais inclusiva. 

O domínio do hexacampeão o ajudou a se engajar cada vez mais na luta contra o racismo e protagonizar cenas como a vista em Londres na semana passada, quando ele participou de manifestações desencadeadas pela morte de George Floyd nos EUA. 

“Estou confiante de que a mudança virá, mas não podemos parar agora”, escreveu o piloto em suas redes sociais após marchar pelas ruas da capital inglesa. “Cresci num esporte que deu significado à minha vida, mas um esporte com pouca diversidade, o que me permite trabalhar por uma agenda de mais igualdade.” 

Após pressão do britânico, a F-1 anunciou nos últimos dias a criação do programa “We Race as One” (“Nós Corremos como Um”), com ações voltadas para a inclusão de pessoas de diferentes etnias, gênero e orientação sexual nas pistas e também no quadro das equipes. 

70 ANOS 

Caso ocorram novas mudanças, elas não serão as únicas nesta temporada peculiar da F-1, que marca o aniversário de 70 anos da categoria. 

Depois de sucessivos adiamentos por causa da pandemia de Covid-19, a abertura do campeonato ocorrerá oficialmente nesta sexta-feira (3), quando o GP da Áustria receberá os primeiros treinos livres sete meses após o fim da temporada 2019. 

Os portões estarão fechados para o público, assim como ocorrerá nos sete GPs seguintes que já estão marcados, todos na Europa. Haverá restrições no número de pessoas que poderão acessar os autódromos e não será montado o pódio da maneira tradicional para celebrar os resultados. 

A corrida no autódromo de Spielberg, às 10h10 (de Brasília) de domingo (5), terá transmissão da TV Globo. 

Será a primeira chance para o hexacampeão britânico começar a diminuir a distância para dois importantes recordes que Schumacher ainda possui: número de vitórias e de pódios. 

Desde a sua estreia na categoria, em 2007, Hamilton já subiu 151 vezes ao pódio, 84 delas no lugar mais alto. Em 19 temporadas ao longo de sua carreira, o alemão chegou entre os três primeiros 155 vezes, com 91 vitórias. 

Com a média do piloto da Mercedes nos últimos anos, não será surpresa vê-lo tomar essas marcas ainda em 2020. 

Desde 2014, ano em que conquistou seu primeiro título pela equipe alemã, o segundo de sua carreira, ele mantém uma regularidade de 10 vitórias por temporada. No ano passado, quando chegou ao sexto mundial, venceu 11. 

Hamilton classificou a temporada 2020 como a mais difícil que a F-1 já conheceu, devido a todas as adaptações que serão necessárias para as provas e pelo fato de o mundo ainda se ver em meio à pandemia. 

Por isso, ele também terá menos corridas para bater as marcas ainda neste ano e um intervalo bem mais curto entre elas. 

As oito primeiras ocorrerão em dez fins de semana. Ao todo, a temporada terá, na melhor das hipóteses, de 15 a 18 provas. No calendário original, estavam previstas 22. 

Por enquanto, o GP Brasil ainda não está entre etapas canceladas, mas não há uma data confirmada. 

AÇÃO CONTRA O RACISMO 

CARRO PRETO | Mercedes anuncia iniciativa antirracismo (Foto: LAT Images for Mercedes-Benz Grand Prix | Divulgação)

A Mercedes vai utilizar carros na cor preta durante toda a temporada 2020 da F-1. A equipe de Lewis Hamilton abandonará por ora a cor prata que identifica a escuderia, em apoio à luta antirracista. Além da nova pintura, os veículos de Hamilton e Valtteri Bottas terão a mensagem “End Racism” (acabe com o racismo, em inglês) no protetor de cockpit. Segundo a Mercedes, o movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) acendeu a luz sobre a necessidade de se posicionar contra o racismo. 

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