quarta-feira, 8 maio 2024

Conserva e Vila Cordenonsi acompanham o crescimento de Americana

Moradores mais antigos contam como eram os bairros, loteados em 1930, na metade do século 19. Conserva nasceu às margens da ferrovia e a Vila Cordenonsi contextualiza com indústria têxtil  

O bairro Conserva nasceu às margens da linha férrea da cidade (Foto: Divulgação)

Os bairros Conserva e Cordenonsi foram uns dos primeiros bairros a serem loteados em Americana, ambos no mesmo ano de 1930. Os moradores contam como é viver por tanto tempo nesses locais tradicionais.

Zuleide Fernandes da Costa tem 77 anos e foi uma das primeiras moradoras do bairro Conserva, quando seu pai decidiu sair do Casarão e comprar vários lotes no bairro que nascia às margens da ferrovia.

“Meu pai era mineiro e conheceu minha mãe no Casarão, casaram e tiveram 8 filhos. Ele havia comprado esse pedaço todo e depois ele foi vendendo porque tinha um monte de filho. Veio do sítio, vendeu os bichos e comprou aqui e foi vendendo porque tinha de sustentar a família”, diz Zuleide.

A ferrovia foi fator predominante para o crescimento econômico e populacional da cidade devido às exportações e transporte de pessoas. A cidade de Americana foi se desenvolvendo e crescendo no entorno da linha férrea com o passar do tempo. Dona Zuleide mudou-se com os pais e irmãos aos 3 anos de idade e detalha como era o Conserva na época em que foi loteado.

“Era tudo terra aqui, tudo mato. A gente brincava, fazia casinhas. Era o que tinha na época. Já tinha a linha férrea. Era só de passageiro e era muito bom andar de trem. Poderia voltar o trem de passageiro. Aqui não tinha nada. Era Vila Americana. Não tinha casa nenhuma. Tinha essa casa aqui que era do papai e a casa de cima apenas. Dizem que não é para lembrarmos do passado, mas o passado foi maravilhoso para mim. Não que o presente não seja bom, mas o passado na minha vida foi maravilhoso, com os pais e irmãos maravilhosos”, relembra.

Dona Zuleide tem três filhos. Ela nasceu em 1944 e casou na Igreja de Santo Antônio, no dia 13 de junho de 1970, quando é comemorado o dia do padroeiro de Americana. Vaidosa, ela não mostra o álbum de casamento a ninguém, mas pegou as fotos guardadas há tempos e relembrou os momentos passados.

“Me perguntaram se fiz promessa para casar. Eu disse que nada e passei uma vida de sufoco. Eu casei grávida e naquela época não aceitava. Foi a época que mais passei sufoco porque a mãe aceitava. Foi difícil, mas depois aceitou e tudo bem e assim vamos tocando o barquinho”, gargalhou. Ela relembra a noite em que conheceu seu marido, no baile do Rio Branco, tradicional ponto de encontro dos jovens da cidade.

“Foi uma noite. Eu o vi dançando com outra pessoa e falei: eu vou namorar esse rapaz! Ele veio me tirar para dançar. Fomos em outro bailinho. Começamos a namorar nesse bailinho, junto com a minha mãe porque nesse tempo saía somente com os pais. Se eu for embora agora, já fiz tudo o que tinha de fazer. Essa é minha história. O que mais me marcou foi a minha juventude. Eu dançava muito no Rio Branco. Todo sábado estávamos lá. Carro a gente não tinha e era andar a pé, mesmo com salto. O Rio Branco é a coisa que mais me marcou na vida”, disse.

O marido faleceu aos 56 anos e, desde então, ela mora com os filhos no mesmo bairro onde cresceu e passou quase toda a vida. “Fazem 20 anos que estou sozinha tocando a minha vida muito bem, muito bem-humorada sempre e converso muito. Eu gosto de Americana e não saio daqui por nada. Eu tenho minha filha e meu filho que estão morando comigo. A minha filha está com 48 anos e vai morar sozinha. Ela queria que eu fosse e eu não quis sair daqui. Eu adoro Americana e é tudo para mim. Aqui eu construí minha vida, bem ou mal, consegui chegar até essa idade, com 77 anos. “, disse. 

Dona Zuleide mostra o seu álbum de casamento que foi no dia 13 de junho de 1970, dia do padroeiro, na Igreja de Santo Antônio (Foto: Divulgação)

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