sexta-feira, 26 abril 2024

Esquema de propina de multinacionais na Petrobras movimenta US$ 31 mi

Deflagrada ontem, a nova fase da Operação Lava Jato avançou sobre a área comercial da Petrobras e apura o pagamento de supostas propinas a funcionários da estatal em troca de vantagens na compra e venda de derivados de petróleo e em negócios de locação de tanques de armazenagem.

Entre as empresas investigadas estão as multinacionais Vitol, Trafigura, Glencore, Chemoil, Chemium e Oil Trade & Transport. “São verdadeiros gigantes do mercado de trading e comercialização de commodities”, disse o delegado Filipe Pace.
O esquema teria movimentado pelo menos US$ 31 milhões em propina, entre 2009 e 2014, segundo o Ministério Público Federal.

Apenas três multinacionais (Vitol, Trafigura e Glencore) são suspeitas de pagar US$ 15,3 milhões, entre 2011 e 2014. A Glencore adquiriu, em junho deste ano, 78% das ações da brasileira Ale, quarta maior empresa do setor. A Vitol, de origem holandesa, também comprou recentemente a Rodoil.

Foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva. Entre os alvos estão funcionários e ex-funcionários da Petrobras, representantes das multinacionais suspeitos de serem intermediadores do esquema, além de advogados e parentes que teriam ajudado a lavar o dinheiro.

Membros da alta cúpula das companhias também são investigados na operação, embora não tenham sido alvo de medidas.
Segundo a investigação, as empresas, por meio um grupo intermediador, corrompiam funcionários da Petrobras encarregados das negociações dos contratos, para que a estatal vendesse os produtos por um preço mais baixo que o de mercado, e comprasse a valores mais altos.

A diferença era chamada internamente de “delta”. Era assim que os funcionários corrompidos apelidavam a propina, segundo o MPF.

Os valores eram detalhados em planilhas obtidas pela investigação. “São variações ínfimas de preço, mas um ou dois centavos fazem muita diferença”, disse Pace.

Em nota, a Petrobras informou que colabora com a investigação e que “é reconhecida pelo próprio Ministério Público Federal como vítima”.

A Vitol e a Glencore informaram que não iriam se manifestar. A reportagem não conseguiu contato com a Trafigura.

Também foram procuradas as empresas Chemoil, Chemium e Oil Trade & Transport, mas não houve retorno. A reportagem entrou em contato com os advogados dos investigados, mas nenhum quis se manifestar sobre as suspeitas.

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