domingo, 28 abril 2024

A era Biden começou

Em uma Washington sitiada, Joe Biden fez seu juramento em frente ao Congresso americano nesta quarta-feira (20) e tomou posse como o 46º presidente dos EUA, colocando fim à era Trump. Kamala Harris também tomou posse como vice-presidente, sendo a primeira mulher a exercer o cargo.
O democrata, segundo presidente católico na história do país, jurou sobre a Bíblia, como é tradição nos EUA, diante do presidente da Suprema Corte americana, John Roberts. A cerimônia não contou com a presença de Trump – o republicano não aceitou totalmente sua derrota e se tornou o quarto presidente da história do país a não comparecer à posse do sucessor, o que não acontecia há 152 anos.
Biden assume uma nação dividida e devastada por uma pandemia que já matou mais de 400 mil pessoas nos Estados Unidos. Seus principais desafios serão recuperar a economia, controlar o coronavírus e pacificar um país ameaçado pelo terrorismo doméstico.
Em seu discurso, Biden disse que “democracia prevaleceu” e pediu a união dos Estados Unidos após um processo eleitoral marcado por contestações infundadas por parte de Trump. “Aprendemos de novo que a democracia é preciosa. A democracia é frágil. E nesta hora, meus amigos: a democracia prevaleceu! Este é o dia da América. Hoje celebramos o triunfo não de um candidato, mas de uma causa – a causa da democracia”, disse.
De saída, Biden quer colocar os EUA de volta à OMS (Organização Mundial da Saúde) e ao Acordo Climático de Paris. Promete também vacinar 100 milhões de americanos contra a Covid-19 em 100 dias e aprovar o plano de recuperação econômica no valor de US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10 trilhões).
O montante inclui US$ 400 bilhões (R$ 2,1 bilhões) para o combate ao vírus, além de pagamento direto aos americanos, auxílio a desempregados, pequenas empresas, e a estados e municípios.
Biden também quer suspender o banimento de entrada nos EUA a viajantes de alguns países de maioria muçulmana, parar a construção do muro na divisa com o México, símbolo inacabado do governo Trump, impedir a separação de famílias na fronteira e abrir caminho para que milhões de pessoas que vivem nos EUA sem documento tenham cidadania americana.
Depois do juramento e posse, Biden passa as guardas em revista, num gesto que busca sinalizar a transição pacífica de poder para o novo comandante-chefe, e visita, ao lado de outros ex-presidentes americanos -Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama-, o Cemitério de Arlinton, em uma homenagem ao Soldado Desconhecido, memorial a militares sem identificação mortos em combate.
SEGURANÇA
A cerimônia de posse aconteceu sob a proteção de 25 mil homens e mulheres da Guarda Nacional e um verdadeiro aparato de guerra, com caminhões militares, blindados, barreiras e grades bloqueando todos os acessos ao National Mall – onde estão o Congresso e a Casa Branca. No último dia 6 de janeiro, apoiadores de Trump invadiram o Capitólio contestando o resultado da eleição durante a certificação da vitória de Biden. O tradicional desfile a carro aberto pela Pennsylvania Avenue até a Casa Branca, sob os aplausos da população com bandeirinhas em punho, também foi cancelado por causa de medidas restritivas relativas à pandemia. Um evento virtual foi realizado de tarde.
No lugar de 200 mil espectadores e convidados que costumavam apreciar a cerimônia nacional nos anos anteriores, 200 mil bandeiras americanas foram cravadas nos gramados do local.
Entre os cerca de mil convidados presentes na cerimônia estavam os ex-presidentes Barack Obama, Bill Clinton e George W. Bush. O vice-presidente que deixa o cargo hoje, Mike Pence, também esteve presente.
Biden foi eleito ao garantir 306 votos no Colégio Eleitoral, em comparação a 232 de Trump, nas eleições realizadas em novembro de 2020. Sem apresentar provas, o republicano contestou o resultado com ações na Justiça, mas todas foram rejeitadas.
VICE
As credenciais inéditas do novo governo incluem Kamala Harris, a primeira mulher negra a ocupar a Vice-Presidência americana e que vai exercer papel definitivo no que se tornou o principal desafio de Biden nos próximos anos: conseguir, de fato, governar.
O Partido Democrata tem maioria na Câmara, e Kamala terá direito ao voto de desempate no Senado, mas a frágil maioria numérica não é suficiente para aprovar todas as medidas – por isso as ordens executivas, que driblam o Congresso mas podem ser questionadas na Suprema Corte, por exemplo. Biden escolheu a vice em um aceno simbólico para conquistar dois grupos de eleitores muito importantes, negros e mulheres, mas também sinalizou que, por sua idade avançada, não deve concorrer à eleição, o que abre caminho para Kamala ser a candidata democrata em 2024.
(Leia mais na página 9)
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