quarta-feira, 27 novembro 2024

Mulher é presa após atropelar e matar criança na calçada em Cosmópolis

A suspeita é que a motorista, que é vizinha da vítima, estaria alcoolizada  

Rua José Zacarias, onde ocorreu o atropelamento – Reprodução

Um menino de 7 anos morreu após ser atropelado na calçada em frente de casa, onde brincava, por volta das 18h30 de domingo (19), na cidade de Cosmópolis. Uma vizinha da criança, de 38 anos, foi presa por dirigir o veículo, sem habilitação. Ela teria bebido, de acordo com a polícia.

O pai de Alex Lacerda Pereira, o montador Jorlam Pereira de Sousa, 36 anos, testemunhou o acidente que matou seu filho. Segundo o pai, o garoto brincava de carrinho, na calçada em frente de casa, como costumava fazer aos fins de semana. Os dois aguardavam o retorno da mãe, que trabalha vendendo cachorro quente na região.

“Estava tudo tranquilo na rua, até que o carro [guiado pela mulher presa] virou a esquina. Ele [veículo] estava devagar, mas de repente acelerou e foi para cima de meu menino. Ele foi arrastado e ficou prensado na parede”, disse o montador.

A mulher, cuja defesa não havia sido localizada até a publicação desta reportagem, não teria conseguido dar marcha a ré, após atropelar a criança. Por isso, o próprio pai de Alex assumiu o volante e retirou o carro de cima de seu filho.

“Não houve tempo de reação. [O acidente] pegou todo mundo no susto. Quando consegui tirar o carro vi que meu filho já estava morto. Passei a mãos nas costas dele e vi que não batia mais [o coração]. Vi que ele já tinha ido [morrido]”, afirmou o pai da criança, com a voz embargada.

Após o acidente, ele acrescentou que as pessoas da rua ficaram revoltadas, fazendo com que a suspeita fosse retirada do local para não ser agredida. Socorristas confirmaram oficialmente a morte de Alex ainda no local do acidente. Ele sofreu trauma no crânio, segundo registros policiais.

A Guarda Municipal de Cosmópolis foi acionada até a Rua José Zacarias, onde ocorreu o atropelamento, e levou a motorista e o pai de Alex para a delegacia. A motorista afirmou em depoimento que tanto o freio de pé quanto o de mão teriam falhado na descida, a fazendo perder o controle do Chevrolet Celta prata que dirigia.

Porém, peritos testaram os freios após o acidente e constataram que os dois funcionavam normalmente, de acordo com registros da delegacia de Cosmópolis. “Há relatos de que a autora tenha consumido álcool no decorrer do dia [do atropelamento]”, diz trecho de boletim de ocorrência.

Por causa disso, uma amostra de sangue foi recolhida da mulher, para verificar o quanto de álcool ela eventualmente consumiu. Nenhum resultado havia sido divulgado até a publicação desta reportagem.

A motorista foi indiciada por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Ela seria submetida a uma audiência de custódia, nesta segunda-feira (20). O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) não havia se posicionado sobre a audiência até o fim da manhã desta segunda-feira.

Criança sorridente e brincalhona

O pai de Alex afirmou que o filho é o mais velho de quatro crianças. O garoto deixa um irmão de 6 anos, além de duas irmãs, de 2 e de 1 ano.

“Ele sempre gostou de brincar de carrinho, sempre levava dois e até três na mão. Eu já estava pensando em dar de presente para ele, no próximo ano, um carrinho movido a combustão, de tanto que ele gostava”, afirmou o montador.

De origem humilde, vindo do Tocantins, Pereira mora em São Paulo desde 2008. Ele acrescentou que Alex sentiu na pele alguns momentos de aperto, mas sempre mantendo o sorriso no rosto. “Teve uma época em que a gente só comia arroz e feijão. Ele nunca reclamou e estava sempre sorrindo e feliz.”

Apesar das dificuldades, o montador conseguiu se formar em um curso de bacharelado em química, no ano passado, em Presidente Prudente (558 km de SP). Com o diploma em mãos, ele pretende voltar para o Tocantins, até o fim de 2022. “O Alex estava muito animado para se mudar. Ele falava bastante disso”, afirmou o pai do menino. A família acompanhou o químico recém-formado até Prudente, retornando com ele para Cosmópolis no ano passado.

Alex estava aprendendo a ler e escrever, deixando o pai orgulhoso da evolução do garoto. “As últimas palavras que ele escreveu foram boca e bota. Ele estava aprendendo rápido a identificar as palavras. Era um bom aluno, obediente”, disse ainda, acrescentando que pretendia mais para a frente ensinar o filho princípios de mecânica, por causa do grande interesse da criança em carros.

Instantes antes do atropelamento, Pereira afirma ter brincado de fazer cócegas na barriga do filho, brincadeira que o divertia. “Essa é a última lembrança que tenho dele com vida.” Alex Pereira família pretende sepultá-lo em Cosmópolis.

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